… A avó da Leonor ( Feitas as contas, é o coração a dobrar.)

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… Não tive avós. Quer dizer, ter tive que não sou obra do Espírito Santo, mas não os conheci. Não tenho memória deles. Para mim a figura dos avós teve impacto na vida com o nascimento da Leonor. Verdade! A minha mãe revelou-se numa avó dedicada, babada, orgulhosa, empenhada… A Leonor foi a sua primeira neta, depois vieram outros netos. Mas a Leonor foi a primeira. Não gostará mais da Leonor do que dos outros netos, claro que não, mas a primeira é a primeira e acompanhou todos os passos dela. Foi absolutamente fundamental no seu crescimento, no seu desenvolvimento e na forma como cresceu a minha filha. Jamais me meti naquilo que a minha mãe fazia com a Leonor quando estava ao seu cuidado. Mesmo que não concordasse, ouvia e calava. Acho que é assim que tem de ser. Se confiava para estar, confiava para educar. Mesmo que se diga que os ‘pais educam e os avós deseducam’. Eu gosto do conceito da frase. Gosto mesmo! Até hoje a minha filha vai dormir a casa da avó aos fins de semana, e até há muito pouco tempo, por ela, dormia lá todos os dias. É o pequeno almoço da avó que sabe melhor que o de todos, são as conversas com a avó que são melhor que todas as outras, a casa da avó é a melhor. Ainda tem o quarto em casa da avó onde, com a prima Carlota e a tia Aurea se perderam em noites inteiras entre palavras, risos e discussões. Sou muito grato pelo papel que a minha mãe, enquanto avó, teve e tem na vida da Leonor. Sou também grato às outras avós, claro. A avó Laurinda à tia ‘avó’ Lurdes, a tia ‘avó’ Isilda e ao Avô Soares…. todos juntos e casa um à sua maneira foram criando paredes de almofada que a ajudaram a chegar aqui. Para mim e para mãe da Leonor foi um alívio saber que podíamos e podemos confiar às cegas neles porque nos facilitam bastante tudo o resto e nos tranquilizam caso exista, por este lado, alguma falha. Dizem os mais crescidos que ser avo é ser mãe duas vezes. Não sei se será, mas sei que os olhos da minha mãe enquanto avó para os seus netos – mesmo perdendo a paciência de vez em quando, porque elas juntas são muitos chatinhas e absorentes – são os olhos orgulhosos de quem vê cada uma crescer na sua forma, no seu feitio e nos seus feitos. Verá ali traços que lhes passou e pedaços dos filhos que criou. Não tenho dúvidas disso. E ainda bem! Sorte dos nossos filhos que podem crescer com os avós. Hoje é o dia deles. Eu, que não sou de assinalar dias, acho este ternurento e merecido. A minha mãe é uma avó feliz e privilegiada, mas eu sei que muitas não o são. Com este texto sintam-se homenageadas/os por todos os filhos que serão gratos, pelo amor imenso que têm aos nossos filhos, que serão delas pela segunda vez. E para sempre!

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