… A chuva (o melhor cheiro do mundo!)

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… No fim-de-semana começou a chover torrencialmente. Não sei porquê, parecia-me Fevereiro. Uma daquelas tardes de Fevereiro onde começa a ser noite às três da tarde. Estava no carro, mas a chuva, que primeiro começou com pingos grossos e lentos, armou-se em esperta. Começou a cair rápida e apressada. Misturava-se o som da chuva com o barulho dos carros que me ultrapassaram. Gosto de chuva, esta veio em boa altura, porque como não gosto de rotina, ver chover assim a meio de Novembro como se fosse Fevereiro sabe bem. Já tenho algumas saudades do frio, de um casaco, de uma manta nos pés, das rotinas dos dias de Inverno. A chuva fez-me, de repente, pensar que a natureza manda em tudo, mas nunca manda nada por acaso. Sabe o que faz. Minutos depois a chuva passou. Com o tempo tudo passa. Ficou aquele cheiro a terra molhada, que eu acho um dos melhores cheiros do mundo. Há cheiros que nunca se esquecem, chuvas que por muito que nos molhem a pele não nos lavam, nem nos tiram de cima o que cá temos, está-nos cravado na carne. Apenas distraem o ardor da carne viva, como um sopro num arranhão. O cheiro a terra molhada faz-me lembrar tudo de bom. Outros tempos, o Alentejo, o renascer, o renovar de qualquer coisa… quem já meteu as mãos na terra percebe o que quero dizer. Poucas coisas existem mais bonitas que ver trabalhar a terra. É de lá que tudo vem. É para lá que tudo vai. Gosto de chuva porque gosto do seu barulho repetido na terra, na função de renascer e trago isso para mim. Parece que depois da chuva tudo passa… fica outra coisa qualquer que já não é o que estava antes da chuva.

 

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