… Teria que recuar muito tempo, muitos anos, para perceber porque deixei de simpatizar, a determinado momento, com Maria Elisa. Ela era directora de programas da RTP, eu tinha feito 400 km para estar presente num casting para um programa chamado ‘Caderno Diário’, onde viria a ficar – numa primeira fase – com a apresentadora Ana Sousa (Creio não me ter enganado no nome). Foi um dia de casting, com reportagens na rua, textos, off, um calor grande porque estaríamos talvez em Agosto. Dois dias depois um telefonema disse-me que teria ficado com o lugar. Iria receber à semana mas teria que estar no dia seguinte na RTP na 5 de Outubro. Assim fiz. Mudei tudo, voltei a fazer uns tantos kms e à hora marcada (bem antes, imagino) estava pronto para trabalhar. Os pivots, daquilo que seria o renovado ‘Caderno Diário’, foram gravados na Feira Popular de Lisboa. Empenhei-me como sempre o faço, convencido de estar a fazer o melhor… lembro-me que alguém me ligou a pedir entretanto o meu número de contribuinte para tratar do contrato. O tempo passou. Eu gravei o que tinha a gravar naquele dia e voltei para o Alentejo. Achei estranho, porque entretanto nunca mais me ligaram a pedir o tal número de contribuinte… Descobri depois, pelo produtor na altura e por insistência minha (porque nunca mais me pediam o tal numero de contribuinte), que afinal não tinha ficado: ‘A Maria Elisa não gostou do teu sotaque’. Foi o que me disse, foi a desculpa que me deu. Talvez tenha sido a melhor desculpa que arranjou para um erro dele. Nem sei se é verdade ou mentira, mas sei que ainda me dei ao trabalho de lhe escrever uma carta a tentar perceber a escolha. (Descobri a sua morada pessoal e tudo!). Nunca tive resposta, claro! Eu era muito novo, ingénuo, vinha de muito longe. E quem toma as decisões não tem a noção disso. Não tinha. Vi depois, talvez na semana seguinte, que outra pessoa tinha ficado no meu lugar, e estava muito bem ao lado da Ana Sousa (que também nunca mais vi, a não ser, se não estou enganado numa apresentação do Festival da Canção). O jovem teria talvez um sotaque melhor e uma imagem mais cuidada… Bem, a partir daí, como podem imaginar, a minha ideia sobre a Maria Elisa mudou, para pior! Tudo isto para dizer que agora voltou a mudar um bocadinho a ideia que mantive da jornalista até agora. Maria Elisa foi convidada de Rui Unas e durante quase uma hora falou abertamente sobre si. Falou daquela maneira que ela tem de falar, onde muitas vezes parece que é a dona do mundo e da razão (mas não é). Mas a verdade é que deu para a conhecer melhor. Talvez, desta vez eu tenha percebido quem é a Maria Elisa. Apesar de não querer ser chamada de arrogante, tem um pouco essa postura. Mas eu gosto disso. Gostei de a ouvir falar de Pinto da Costa, de a ouvir dizer que compra on-line na H&M, de enaltecer Iva Lamarão, (embora ela não perceba que a Iva faz mais na televisão do que o 760). Gostei de a ver falar com alguma ‘generosidade’ dos colegas que fazem Day Time reconhecendo-lhes o esforço de fazer televisão perto das pessoas e fiquei com a certeza de que na televisão de hoje, não sei se a Maria Elisa seria a Maria Elisa como a conhecemos. Gostei de a ver apaixonada pela neta e talvez a neta a tenha tornado mais próxima. A Maria Elisa de hoje é exactamente a mesma Maria Elisa daquele tempo, mas talvez já tenha passado por momentos complicados pessoais e profissionais que a amoleceram e a deixaram ‘despir-se’ assim, frente a um colega de profissão. Que é o que na prática todos somos. Descobri também o que temos em comum: ambos somos apaixonados por televisão. Hoje, se me sentasse com ela, era capaz de trocar umas boas ideias.
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