… A propósito da Sónia!

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… O reality têm a capacidade enorme de levantar ódio e paixões. Quando se está dentro dele, vive-se o jogo na plenitude com as emoções exacerbadas e quando se está fora vive-se com igual entusiasmo. Toda a gente tem uma coisa a dizer sobre um formato destes. O que é legítimo e lógico, porque falamos de um programa de televisão onde o objectivo é chegar ao maior números de pessoas. Nunca recebi tantas manifestações como recebo agora que estou à frente do Big Brother. Recebo muitas cujas opiniões não vão ao encontro das minhas, mas sei que este é um ‘jogo’ que só faz sentido se for jogado desta maneira e chegar às pessoas. Todos com direito à opinião sobre o que se passa dentro da casa, desde que se faça com respeito e se respeitem as regras. Hoje recebi centenas largas (não estou a exagerar) de mensagens por causa da Sónia. Eu não posso, não quero nem devo tomar partido por nenhum concorrente. Eu gosto de todos, de verdade que torço para que todos funcionem bem dentro do jogo e saiam dele felizes e fortalecidos, mesmo que depois se debatam com outra realidade cá fora, como aconteceu com o Rui ou com o Edmar, que na saída mudaram os pontos de vista. Lá dentro é um jogo, cá fora é a vida. A vida real! Não há melhor nem pior lado. São apenas dois lados diferentes, porque são duas realidades diferentes. O que não nos podemos esquecer é que o Big Brother é o jogo pioneiro da vida real. A vida como ela é, filmada 24 horas e o tempo todo, que se transforma num programa de televisão. Quando hoje dei de caras com a Sónia emocionalmente frágil com vontade de abandonar o jogo e fora de si porque está de facto com saudades da família, porque a noite de ontem não foi boa para ela enquanto ‘jogadora’ e porque este é um jogo difícil percebi exactamente o que sentia. Eu sei que aquilo é difícil. Mas eu também sei o que é um programa de televisão. Um programa de televisão tem regras e por isso quando são quebradas é preciso que isso se entenda. Nunca apreciei concorrentes que participam nestes formatos e quando alguma coisa não corre a seu favor argumentam que a produção faz isto, que alguém fez aquilo, que se manipulam imagens, que se constroem histórias… Não é verdade. Há um canal ligado onde se pode ver o que acontece e ainda assim das mesmas imagens o mundo faz várias interpretações, há depois espaços diários onde temos que mostrar o melhor do dia e naturalmente ir contando a história de todos. O problema é que no jogo todos não agradam a todos. Nao preciso explicar muito, acabei de dar o exemplo do Rui e do Edmar, que no jogo viam de uma maneira fora dele, com os mesmos concorrentes olham de forma diferente. É natural. É a vida ali dentro tal como cá fora se espreitamos pela fechadura de outras vidas. Não gostei, devo confessar, de ouvir a Sónia fazer comentários como ‘imagens manipuladas’, ‘novela feita’ e outras coisas que tais, pensei para mim que quando ela sair vamos os dois falar. Falar como amigos para que a Sónia se lembre que concorreu de livre vontade, batalhou muito por este seu sonho e que sabia que este era um programa já que seguiu todos os outros formatos iguais ou parecidos e que tem regras. Nunca gostei de ver concorrentes desistir de um jogo destes. É uma experiência única, e sei que a partir do momento que desistem, passam a porta e arrependem-se logo. A Sónia, ou outro concorrente qualquer fará sempre o que entender sobre ficar ou sair da casa do Big Brother, a mim como apresentador cabe-me dar as várias visões de uma situação mas também deixar claro que chamar uma pessoa ao confessionário, confrontá-la com as imagens da realidade que quebra uma regra e ser punida por isso é uma gestão que tem de ser feita de forma verdadeira e transparente. Neste caso, apesar da Sónia dizer que durante a semana ‘isto aconteceu com outras pessoas’ não é verdade. É mentira! Uma coisa é ouvir outra é interagir. O que acontece, e isso não se controla, são pessoas que gritam para a casa como gritam há vinte anos desde que o formato existe, os concorrentes escutam e o Big Brother chama-os para dentro. Nunca aconteceu existir a interacção de pergunta-resposta. Ainda que da pergunta e da resposta não tenha saído nada que oriente o jogo dentro da casa. A regra é clara: não se pode receber informações do exterior nem ter contacto para além daquele que o BB permite. Foi quebrada a regra. Foi sancionada a concorrente. Por isso um dia falarei com a Sonia, para lhe dizer que não é porque está com saudades da filha, do marido, não é porque o Vitor foi ao muro da casa dizer que a ama e ela respondeu que lhe tinha igual saudade, e depois mostrar estas imagens na sala, legendar tudo para que seja perceptível ao espectador e depois, falar com ela no horário do programa, que se está a manipular uma situação ou a construir uma novela à volta da ‘Sónia e do Vitor’. Não é. Não é justo neste caso, nem em caso de outros concorrentes que noutros formatos deixam o programa e como não cumprem objectivos acusam as produções de ‘manipulação’. Sejamos justos. Na vida como no jogo, nem tudo é como queremos que seja. A Sónia – e os companheiros da casa –  tem acesso a psicólogos que acompanham os concorrentes, entrou de livre vontade e sairá de livre vontade quando decidir de verdade sair. Tudo o resto, e até que isso aconteça, ela sabe tanto como nós, que está a fazer televisão. Televisão em tempo real, mesmo que por vezes tenha que ser editada porque os horários a isso obrigam. Era só isto que hoje me apetecia dizer!

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