… A propósito do dia da mentira (isto é uma verdade)

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… A mentira é como esta fotografia. Turva, desfocada, pouco clara, ampliada. A verdade e a mentira andam de braços dados. São assim como a guitarra e o fado. Não sei se concordam, mas a linha que as divide é tão pequena e ligeira que de um momento para o outro o que hoje é verdade amanhã passa a ser mentira. Agora pergunto: poderia ouvir-se o fado sem o trinar de uma guitarra? Não me parece. Por isso não me parece que uma mentira dure muito tempo. Diz-se que podemos enganar muita gente muito tempo, mas nunca poderemos enganar toda a gente durante todo o tempo. A verdade só existe porque a mentira anda ali. Agarrada como uma carraça nojenta, que não se solta porque não quer. Porque é mais fácil a mentira e a falsidade. Não gosto de mentiras – claro que já menti – mas não gosto. Mas, mais grave que a mentira, é alimentá-la. Sem respeito por nada nem ninguém. Alimentá-la a favor de seu bel-prazer e nada mais. Quem o faz rapidamente se esquece que é mentira, vive-a como verdade. Obviamente não dura sempre… E ,como não dura sempre, um dia deixamos de ouvir fado, para passarmos a ouvir outra coisa qualquer e como ‘outra coisa qualquer’ vem sempre de braço dado com qualquer coisa, gostava que não fosse com um dia que faz homenagem ao disparate e alimenta o mau carácter. Desculpem lá mas assinalar o dia das mentiras não faz sentido. Seria melhor limpar a lente da verdade de forma a que o retrato da realidade fosse nítido. Concordam?

 

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