… Seria muito fácil elogiar alguém que trabalhar connosco num dos maiores desafios da nossa vida profissional. É fácil fazer quando sentimos a pessoa, olhamos nos olhos, percebemos as feições do rosto, cheiramos o seu perfume, percebemos como anda… Neste caso a coisa fica complicada porque tive desde o primeiro dia uma relação tão cúmplice e imediata com a Voz do Big Brother que é difícil explicar porquê, porque não o conheço. Não o vi uma única vez, não jantamos juntos, não almoçamos, não bebemos café… falamos muito por voz. Falámos as tardes de ensaios, as noites de programa e muitas vezes durante a semana para nos metermos a par um do outro e de coisas que aconteciam na casa e na vida. Estranha esta sensação de gostar de alguém muito de repente a quem não conhecemos o rosto. Estranha esta certeza de confiar em alguém de forma imediata porque nos entra corpo adentro a certeza de que este ‘alguém’ vem para ajudar, amparar, simplificar, tornar ainda mais bonito aquilo que por si só já tem a beleza que há anos procurava. Foi assim que aconteceu comigo e o Big Brother desde o primeiro ensaio no BB 2020 e que ficou ainda mais resistente e sólido neste Duplo Impacto. Não há ninguém que conheça tão bem esta casa e os concorrentes com o Big Brother. Ninguém conversa melhor com eles, ninguém os entende melhor, ninguém sabe mais deles e até desconfio que o Big sabe coisas que os concorrentes não sonham saber deles próprios. Não lhe conheço o rosto, mas tem que ter um rosto sereno, não lhe conheço os olhos mas tem que ser uns olhos grandes de quem quer ver tudo para mostrar depois ao mundo. Conheço-lhe a voz. Voz segura determinada e bonita. Conheço-lhe a rigidez das regras, a imposição do limites, o sentido de humor e a rapidez de raciocínio. Vai ficar-me para sempre – aconteça o que acontecer no futuro – a generosidade com que me recebeu num espaço que já era dele e o apoio que me deu no improviso que eu gosto tanto. Percebi rapidamente que nisso éramos dois, porque para ambos o improviso é a sublime arte de andar na linha do que se pode ou não fazer e que acaba por ser bem feito se bem orientado, se bem improvisado e o meu, com ele, foi sempre pautado pela batuta do que me deixava dizer, fazer e rapidamente me protegia por uma palavra se fosse preciso parar. Entendo muito bem os concorrentes que criam com a Voz do Big Brother laços que ficam para a vida, gente que sente falta física de ouvir a sua voz, porque na verdade num programa destes Ele é mais que uma voz. É alma dentro de uma casa que respira o dia todo. A noite toda. Que respira quando eles estão alegres e bem dispostos, continua a fazê-lo ao ritmo de todas as vezes que eles estão irritados e com vontade de bater com a porta por capricho ou com razão. É ele que lhes vela o sono a cada noite quando as luzes se apagam nos quartos para que descansem porque é preciso que o jogo aconteça no dia seguinte. A Voz do Big Brother merece todos os elogios que lhe possa dar, não porque é uma voz bonita ou conhecida, mas porque é uma voz atenta, dedicada, uma voz que diz o que é preciso dizer na hora certa e que fica calada no momento exacto, porque muitas vezes o segredo está em ouvir e não em falar. Da voz, desta minha gigante aventura em dois actos levo o melhor. O melhor dos dois mundos. A serenidade de perceber que poderia andar em cima do risco que Ele sempre me protegeria com a sua sensatez e o sentido de humor, porque ambos sabemos que sem sentido de humor não vamos a lugar nenhum… A vida é séria demais para ser levada a sério. O riso, faz maravilhas e a voz do Big Brother fez-me magia durante este caminho que fizemos em paralelo. Nunca lhe disse que invejo o seu tom de voz. Nunca calhou. Mas tenho que lhe dizer ‘Obrigado Big Brother’, porque é tudo… por agora!
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