… E agora? Quem cuida de mim, quem me abre o caminho, quem me ouve, quem me diz que sim ou que estou a exagerar? Agora, o que faço? Estou eu e esta pequena cicatriz que ficou da operação. Estamos aqui em casa, ninguém mete a chave à porta, ninguém se ri, ninguém ocupa este teclado, ninguém deixa pegadas no chão nem faz a água escorrer durante horas. E agora? O que faço a tudo o que tinha planeado, aos sonhos que ia alimentando, aos objectivos? Agarro-os e meto-os numa caixa escondida com um monte de fotografias e textos e finjo que não aconteceu nada ou faço-me de parvo e sigo em frente como se estivesse tudo bem? Não sou capaz. Acho que não sou capaz, porque apesar de gostar do silêncio e de estar sozinho, tenho saudades do toque do telefone, da briga de almofadas, da água à beira da cama, dos planos de viagens, das histórias de gente comum, da forçada descoberta, da constante rotina… Mas acima de tudo, tenho saudades e preciso da força de alguém que está ali ao lado e que eu sei me protege na rua, em casa. Sabe as minhas manias, ri-se com elas e adaptou-se a uma nova realidade.Um dia disseram-me “vou cuidar de ti!”. Acreditei. E agora? Nem sequer tive tempo de aprender a nadar…
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