… Coisas da minha cabeça!

Por
... Até hoje não sei quem deixou tão caprichado papel debaixo da porta do meu quarto. Uma frase simples. Tive medo de saber quem era. Saber quem foi. Preferi imaginar que seria alguém que de facto me admirava, tinha gostado do que viu, do que leu.. Bem "leu" não poderá ser. Ali ninguém me conhecia. Vou imaginar a vida toda o tempo todo que era a pessoa que eu queria e fico assim com a imagem romântica que se lê nos romances do século passado onde as pessoas vão num rompante surpreender o outro só porque sim. Claro que hoje também se escrevem romances onde há quem viaje o mundo à procura ou ao encontro do bem amado, mas hoje é diferente! Não há sacrifício. Trocou-se o cavalo pelo avião e assim já não tem tanta graça. Por isso eu prefiro imaginar que este simples papel branco veio de longe agregado com uma anilha à pata de um pombo que entrou pela janela do hotel e com o bico tirou o escrito da pata e desajeitadamente o colocou debaixo da porta do meu quarto. Depois voou. Voou ou para o bem amado que estaria à espera de resposta, ou para o seu próprio bem amado depois de tão bem feito o trabalho. O papel esta ali em cima da mini secretaria de falsa Madeira preta a imitar uma peça de desingn. Não tem cheiro. Ou se tem não o reconheço. Esteve ali estes dias todos. Talvez o papel tenha uma outra leitura que não a óbvia que vem escrita na simples frase. Já o tentei ler ao contrário, trocar-lhe as letras mas não o entendi. Ou melhor, entendo aquilo que lá está escrito, mas se até hoje não sei quem deixou tão caprichado papel debaixo da porta, como posso interpretar o que lá está escrito? Eu sou um romântico, e as frases e os bilhetes mesmo que tenham escrito algo óbvio, só fazem sentido se conhecermos o rosto da mão que se deu ao trabalho de escrever tão caprichado papel.
Sem tags

Blogs do Ano - Nomeado Entretenimento