… E de repente passou Dezembro e damos connosco no Natal e à beira de mais um final de ano. Começamos a ficar mais sensíveis, mais tolerantes, mais abertos a tudo e a todos. Talvez seja uma coisa de calendário, mas talvez seja algo mais. Uma coisa interior, algo que nos está no sangue com a vontade de mudar em determinado momento e é como se precisássemos muito que chegasse o último mês do ano para termos um motivo para mudar. Eu sou desses, devo confessar, que muitas vezes sinto que preciso de uma data que me sirva de impulso para alguma coisa que quero ou que me valha a pena, mas devo dizer que isso é pouco. É quase nada e altamente redutor. Dezembro é só um mês no ano e a nossa obrigação é olhar para todos os meses com os olhos de Dezembro, porque na verdade podemos mudar tudo a qualquer hora e em qualquer dia do ano. Está na altura de pensar nisso. De parar e olhar para traz para tentar perceber o que se fez mal, ou se não se fez nada de mal pensar no que não se fez. É sempre tempo de fazer qualquer coisa que nos faça mais felizes, porque andamos numa correria constante onde muitas vezes, muitos de nós, não paramos para medir a felicidade que temos. Não a valorizamos e perdemos demasiado tempo à espera que chegue Dezembro, como se amanhã fosse melhor que hoje. E pode não ser. Juro que pode não ser! Numa conversa que tive com o Jorge Coutinho, ouvi a frase ‘tudo vai melhorar mas antes piora!’. É uma verdade absoluta, mesmo. Mesmo que nos custe, mesmo que imaginemos que não, não passamos nunca impunes a coisa nenhuma sem sentirmos dentro uma dor maior que o alivio. É por isto que digo que nos lamentamos muito, demasiado para o que temos e quando comparado com o que vemos à nossa volta. Eu sou uma pessoa feliz. Eu sou uma pessoa com problemas como todos aqueles que estão a ler isto, e sou também daqueles que teimam em esperar um Dezembro qualquer para mudar aquilo que sei que preciso mudar. Talvez o meu trunfo seja o saber exactamente onde está o certo e errado neste caminho que vou fazendo, e ainda assim teimar no errado porque acho que me dá um prazer instantâneo do qual não me apetece abdicar. Não pensei ainda na razão de insistir, mas acho que cada um de nós tem direito a estes pequenos luxos que a vida nos dá onde está a palavra ‘errar’, porque valorizamos logo a seguir ainda mais o acerto. Seríamos mais felizes se acertássemos sempre? Acho que não. Acho que errar é preciso e nos faz falta. É uma espécie de oxigénio na personalidade de cada um de nós, temos é que tentar não errar demasiado para não termos overdose de culpa que nos castra depois o caminho. A culpa é um peso, pesado demais para carregar na vida principalmente se com ele vierem os erros, uns atrás dos outros… e nesses erros não tiver a nossa felicidade, porque a verdade é que errar também nos pode fazer felizes, mesmo que torne quem nos rodeia menos feliz. É um escolha. Mas há que fazê-lo porque não se agrada a toda a gente ao mesmo tempo, nem podemos ter essa intenção. Agora que passou Dezembro, olhemos para o que nos resta de ano e pensemos naquilo que nos faz feliz para lá das luzes de Natal, do papel de embrulho, da confusão das ruas, da imaginação dos anúncios. Pensemos no que de verdade podemos fazer para que a nossa felicidade seja exposta e explorada da raiz, porque andamos muitas vezes apenas a viver pela rama, e isso não é justo. Merecemos ser felizes. Então sejamos!
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