… Escutei esta frase há muito tempo. Não sei bem onde nem em que contexto mas não há um dia que não pense nela, porque acredito mesmo nisso. Não o digo agora porque a minha vida levou à volta que toda a gente sabe e que também é fruto de não desistir, mas porque me faz alguma confusão perguntar a uma geração de gente o que querem fazer no futuro, mesmo que o futuro seja já daqui a nada e no encolher dos ombros eles dizem não saber. Faz-me confusão. Não sabem, não se interessam e insistem que não vale a pena sonhar porque não se realiza, não se consegue, não há como… se tivesse um dom qualquer era meter na cabeça desta gente que tudo e possível se acreditarmos mas acima de tudo se fizermos por isso. Ficar em casa sentado no sofá a ver séries e enfiados num computador o fim de semana todo não ajuda a que o universo se reúna a favor do que imaginamos para nós e, no meu ponto de vista temos sempre de imaginar o melhor. Merecemos o melhor! Escrevo isto a propósito de uma conversa que escutei – primeiro sem querer- mas depois fiquei atento. Estava numa esplanada sozinho com um chá quente na mão. Na mesa ao lado quatro miúdos com metade da minha idade gritavam entre si as arrelias de se ter vinte e alguns anos, mostravam-se frustrados pela falta de oportunidades e exibiam orgulhosos a escolha de nunca terem ido votar ‘porque não ligavam a política’. Fiquei ali. Mas apetecia-me dizer-lhes que esse é o mau princípio. Não votar é deixar a responsabilidade nas mãos dos outros e receber sem mais nem menos o que de lá vier. Não me faz isso sentido e menos sentido me faz que depois de terem esta atitude responsabilizem o mundo das suas frustrações. Eu tenho as minhas. Tenho muitas e vão variando, mas eu não fico ali sentado à espera que as resolvam por mim. O votar é um exemplo, há mais uns quantos banais no dia a dia que são escudo para alguma inércia. Eu vou à luta mesmo que bata com a cabeça na parede porque senão não vale a pena. Sempre achei que se não fizesse por mim ninguém faria, não fui um daqueles meninos mimados a quem os pais abrem contas no banco, fazem as matrículas da escola, compram o primeiro carro… não fui porque não teve de ser assim, se na altura me inquietava agora penso que se não tivesse sido desta maneira eu não seria o que sou agora. E agora, aqui onde estou sentado, sinto uma vaidade interior de nunca ter depositado as minhas frustrações em coisa nenhuma que não eu mesmo, porque não desisti nunca de um sonho por muito absurdo que ele fosse ou me dissessem que fosse. Que relação tem isto com os miúdos da esplanada? Talvez nenhuma além de perceber que prefiro mil vezes andar inquieto atrás se sonhos e expectativas do que sentar-me a desancar o mundo que não me dá de mão beijada aquilo que eu acho que tenho direito. Por isso quando a minha filha me perguntava quando era muito pequenina, ‘pai os sonhos são de verdade?! ‘ eu lhe respondia sempre ‘se forem bons e te fizerem sorrir são verdade.’ É isto!
SUBSCREVER E SEGUIR