Dizem que a solidão nos faz bem. Dizem que se alimenta dos nossos sonhos e que eles só vivem porque temos momentos sozinhos onde lhes damos de comer e beber. Estou aqui parado já perto das duas da manhã debruçado de uma janela – cujo parapeito, está sujo de pó – a sonhar! O céu nem está estrelado, nem consigo ver bem a lua. Mas consigo imaginar que daqui a nada tu já não estás aqui ao lado. Que o páteo perde a graça. Talvez até apareça mais limpo e colorido, mas a verdade é que não respira a ti, porque deixa te ter os bancos com ferrugem, o cano entupido e a planta que subrevive milagrosamente por conta própria. Já não me vais mandar molas à janela do quarto, nem fazer caretas lá em baixo sá para me veres rir com uma graça tua, porque sabe que se portou mal como uma criança. Deu-me para isto! A madrugada está quente, fico nostálgico porque sinto que foi mais uma fase que chegou ao fim – não a nossa. Mas esta! – vou deixar de te ouvir a reclamar de tudo e nada, e isso também me faz falta. Vais para longe! Não vais para o outro lado do mundo, nem tão pouco para o outro lado de Lisboa. Mas vais para longe. Talvez, mais longe do que possas imaginar. Mas a verdade é que só de pensar nisso me sinto sozinho. Tu também vais ficar e finalmente tens a oportunidade à frente para provar que és capaz! A madrugada arrefeceu. Vou para dentro. Tenho uma lágrima que teima em escorrer, mas prefiro guardá-la só para mim. Não gosto que me vejam chorar, nem à lua dou esse direito. Boa sorte, meu amor… a cama cheira a ti. Saiste há tão pouco tempo…
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