…Eu gosto muito, muito, muito do Natal e de tudo o que ele envolve – até os presentes, porque fazem parte da festa e da época. Gosto da azáfama, do entra e sai, da correria, do cheiro, das luzes, da cor. Gosto da confusão dos dias anteriores, das ruas cheias, das pessoas a esbarrarem umas nas outras. É a quadra dos afectos, ainda que com prazo de validade, mas é! E antes um dia, que dia nenhum. Eu gosto de tudo no Natal. Gosto até do cheiro a fritos, que não aguento em nenhuma época do ano. Gosto porque gosto. Não há nada a fazer! Gosto e pronto! Na verdade o Natal deste ano soube diferente. Talvez mais triste, não saberia definir. O ano não foi ‘normal’ e deu-nos demasiadas lições em muito pouco tempo, por isso o Natal adaptou-se a Ele. O nosso objectivo foi viver o Natal tal como se nos apresentou e pedir no sapatinho a ‘normalidade’ que tanto ambicionamos para o próximo. Eu acredito num Natal melhor e mais próximo e importa não deixar de viver a quadra, vou continuar a vivê-la nos próximos dias lado a lado em Lisboa pela primeira vez com uma árvore toda enfeitada. Enorme, gigante para o espaço que tinha para ela, mas bonita. Muito bonita, colorida, cheia de luzes e com esperança pendurada nos galhos. Vai ficar assim, com ar bonacheirão, redondo, com cores quentes e acolhedora até dia 6 Janeiro, no Alentejo, em casa da mãe a arvore de anos, a mesma enfeitada pela minha irmã há anos. Uma das coisas que se manteve do Natal passado. Espero de verdade que o vosso Natal tenha sido bom. Nem melhor nem pior que outro qualquer. O vosso como o conseguiram viver e sentir. No meu caso, e apesar desta minha árvore estar na casa de Lisboa, o meu Natal foi o cheiro do Alentejo frio misturado com o que solta cada chaminé. Foram menos reencontros da época feitos, mas tive luzes a piscar, e passei pelas ruas preenchidas de sonhos e montes de papel de embrulho por todo o lado na madrugada de 24. Foram os olhos brilhantes de cada criança com que me cruzei . Foi a família que se pode reunir à mesa em volta de conversas cruzadas que acabaram mais cedo este ano que em anos anteriores mas com a mesa posta como manda a tradição em casa da mãe durante toda a noite. Durante as noites seguintes. Foi a surpresa da minha Leonor, a ansiedade da minha Gabriela, a chegada da minha Maria Flor, a ausência da minha Bekinhas. As mais crescidas já sabem que o Pai Natal ‘só está na fantasia das crianças’, mas respeitam a tradição: Presentes dó depois da meia noite. Este ano não tivemos missa do galo, não houve madeiro a arder na praça gelada que ficou ali sem ninguém enfeitada com uma árvore de Natal feita pelas gentes da terra e um presépio. Não se ouviu o bater da porta constante de mais alguém que nos outros anos chegaria para deixar um presente debaixo da árvore, sentar-se à mesa, trocar uma ideia… Este Natal não houve muito do que é o Natal. Resta-nos a reflexão de o termos passado assim e aprender a conversar sobre o que o ano nos ensinou. Há tempo para conversar e é preciso perceber porque chegámos aqui. Um dia li que ‘O natal é o sonho de viver uma noite mágica que atravessa a madrugada no imaginário das crianças’. O Natal é das crianças? Claro que sim! Façamos todos um esforço para que para o ano as crianças o tenham na sua plenitude, e depois decidimos nós – os mais crescidos – se queremos ser crianças nesse dia. Eu quero!
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