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Esta imagem tem dez anos. Foi em 1998 na Praça da Alegria da RTP numa entrevista – a primeira dada em televisão – ao Manuel Luis Goucha. Hoje andava aqui a arrumar umas gavetas e dei com ela. Já tinha um ar espevitado e um olhar curioso que procurava descobrir tudo o que um dia tinha sonhado. Lembro-me muito bem desta convera. Deste dia. Dos nervos de ir um dia antes para o Porto. De ensair o que ia dizer… Hoje, dez anos depois muitos dos sonhos que tinha se realizaram e outros foram ficando pelo caminho, porque não há tempo para tudo. Mas fico muito satisfeito porque quando olho para esta fotografia – tirando o cabelo, os dentes tortos, já com maxilar refeito, sem a camisa aos quadrados e com umas rugas na cara que me dão imensa alegria – sinto que me esforcei e que valeu a pena. Na altura o Manel disse-me “Cláudio, você com esse feitio vai ter que derrubar muitos obstáculos!”. Não precisava de ouvir aquilo. Eu sabia. Sempre soube o complicado que seria seguir em frente não abdicando dos principais pilares que entendo serem fundamentais para um dia ter orgulho por esta passagem. Perdi muitas coisas, muitas pessoas e muitas ideias ficaram pelo caminho. Chorei muito mais do que ri. Não vivi muitos grandes amores como a maioria das pessoas da minha idade, nem tive demasiados amigos para lhes explicar porquê. Foi uma escolha minha. Fui muito complexado com o fisico até muito tarde, e tinha a cabeça muito ocupada com outras coisas. Digo isto, porque gostava que todos os que passam por aqui – a avaliar pelos comentários – não se sintam frágeis em excesso nem com menos capacidade de seguir em frente. Um dia de cada vez. Uma hora devagarinho e se for preciso minuto a minuto chegamos lá. A minha vida não é um mar de rosas como se pode imaginar. Mas é a que escolhi – longe do que imaginei que seria no dia desta entrevista – mas vou fazer dela o melhor. É a que tenho. E como isto não se pode repetir… mãos à obra!

ps. Um dia conto a conversa que tive ontém à noite com o mestre Filipe La Féria. Também ele se lembrou que nos cruzámos há mais de dez anos. Também ele achava que eu era “espevitado” e ontém agradeceu-me esse capacidade de trabalho quando me viu no Politeama a fazer a cobertura do seu novo musical com a minha “Câmara”. Há coisas que valem a pena.

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