Esta lágrima encarnada que me acabou de sair dos olhos e escorrega no rosto, contratasta com o vidro do carro salpicado de uma chuva teimosa que talvez venha para atenuar o frio. Esta lágrima que me escorrega na face não é novidade. Aparece de vez em quando sem razão aparente mas com a certeza de que está sempre pronta para me fazer lembrar a minha história e como não posso fugir dela. Esta lágrima encarnada é invulgar. Tem a cor do desejo. Da carne. Da paixão. Tem, feitas as contas, a cor do desejo carnal. Eu sou difrente de todos. Invulgarmente diferente. Se Deus me desse o direito de pedir um desejo agora mesmo no caminho desta auto-estrada, eu olhava para ele olhos nos olhos. Secava a lágrima, trocava o desejo por uma questão e perguntava: “senhor! De onde vem a água encarnada dos meus olhos, se tenho a alma seca? …”
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