… Eu, Angelina!

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… Contra mim falo, não tenho uma imagem simpática de Angelina Jolie, mas sejam lá quais forem as verdadeiras razões que a levaram a tornar publica a sua história, acho-a absolutamente desgarradora. De uma coragem ilimitada para todas as mulheres, mas muito mais para quem precisa dela – da imagem – para trabalhar. Não que a actriz precise desenfreadamente de trabalho, mas se a história é contada na primeira pessoa, sendo quem é, ganha contornos de exemplo, que quer se concorde ou não devemos aplaudir. Eu faço-o. E se não se importam, faço-o de pé! Era bom, que muitas pessoas com este exemplo, pelo menos parassem um minuto, um leve minuto que fosse, para perceberem – porque há muitas que não perceberam – que a beleza e o dinheiro não são tudo. Talvez não seja quase nada! Em baixo, ficam excertos das declarações da actriz na altura que teve que tomar uma das maiores e naturalmente, mais penosas, decisões da sua vida: submeter-se a uma dupla mastectomia preventiva.





“A minha mãe lutou contra o cancro (de mama) durante quase uma década e morreu com 56 anos. Viveu o suficiente para conhecer o seu primeiro neto e para o segurar nos seus braços. Mas os meus outros filhos nunca tiveram a hipótese de a conhecer e de saber o quão amável e ternurenta ela era.

“Falamos muitas vezes sobre a ‘mamã da mamã’ e tenho sempre dificuldade em lhes explicar a doença que a roubou à sua família. Perguntaram-me se o mesmo me poderia acontecer a mim. Respondi-lhes sempre que não se preocupassem, mas a verdade é que tenho em mim um gene, BRCA1, que aumenta consideravelmente o meu risco de desenvolver cancro de mama e de ovário.

“Os meus médicos estimam que eu tenha 87 por cento de risco de sofrer de cancro de mama e 50 por cento de risco de cancro de ovário, embora o risco seja diferente para cada mulher.

“Apenas uma percentagem dos cancros de mama resultam de um gene hereditário. As mulheres que possuem o gene BRCA1 têm, em média, 65 por cento de risco de o contrair. 

“Quando tomei conhecimento de que esta era a minha realidade, decidi ser proactiva e minimizar o risco o máximo que conseguisse. Tomei a decisão de fazer uma dupla mastectomia preventiva. Comecei pelo peito, uma vez que o risco de cancro de mama é maior do que o de ovário, e a cirurgia é também mais complexa.

“No dia 27 de abril finalizei os três meses de procedimentos médicos que as mastectomias envolvem. Durante este tempo consegui manter o assunto privado e continuar com o meu trabalho.

“Decidi escrever agora sobre o assunto porque espero que outras mulheres possam beneficiar da minha experiência. Cancro ainda é uma palavra que produz muito medo no coração das pessoas e que nos transmite uma enorme sensação de impotência. Hoje em dia é possível, através de um teste sanguíneo, saber quais são as suas hipóteses de vir a sofrer de cancro de mama ou de ovário e tomar medidas preventivas.

“O meu processo começou no dia 2 de fevereiro com um procedimento conhecido como ‘atraso do mamilo’, que exclui a hipótese de doença nos ductos mamários por detrás do mamilo com uma irrigação sanguínea extra dessa zona. É um procedimento que causa alguma dor e muitos hematomas mas que aumenta consideravelmente a hipótese de salvar o mamilo.

“Duas semanas mais tarde fiz a cirurgia que envolveu a remoção do tecido mamário e a colocação de implantes temporários no seu lugar. A operação pode demorar cerca de oito horas. Acordamos com tubos e drenos nas mamas. Parece que estamos numa cena de um filme de ficção científica. Mas alguns dias após a cirurgia podemos voltar à nossa vida normal.

“Nove semanas mais tarde, completei o processo cirúrgico com a reconstrução total da mama, através da colocação de implantes. Nos últimos anos existiu um enorme desenvolvimento nesta área e os resultados são magníficos.

“Quis escrever este texto para explicar a todas as mulheres que a decisão de me submeter a uma dupla mastectomia não foi fácil. Mas é uma decisão com a qual estou muito feliz. As minhas hipóteses de vir a desenvolver cancro de mama baixaram de 87 para 5 por cento. Já posso dizer aos meus filhos que não precisam de ter medo de perder para o cancro de mama.

“Naturalmente que nunca os deixei ver nada que os pudesse deixar desconfortáveis ou perturbados. No máximo podem ver algumas pequenas cicatrizes e nada mais. Em tudo o resto sou apenas a mamã, como sempre fui. E sabem que eu os amo mais do que tudo e que tudo farei para estar junto deles o máximo de tempo que me seja possível. Como nota pessoal, posso garantir que não me sinto menos mulher agora do que antes. Sinto-me mais fortalecida por ter tomado uma decisão importante que em nada diminuiu a minha feminilidade.

“Tenho a sorte de ter ao meu lado um companheiro, Brad Pitt, que me ama e me apoiou em tudo. Para os homens que têm uma esposa ou namorada a passar por este processo, saibam que são verdadeiramente importantes durante esta transição. Brad esteve comigo no Pink Lotus Breast Cancer, onde fui tratada, até minutos antes de todas as cirurgias. Conseguimos de alguma forma encontrar uma maneira de rir juntos. Sabíamos que estávamos a fazer o que era melhor para a nossa família e que isso nos uniria mais ainda. E uniu.

“Para as mulheres que lerem este texto, espero que ajude o facto de saberem que podem fazer as vossas escolhas. Gostava de encorajar todas as mulheres, especialmente as que têm antecedentes de cancro de mama ou de ovário nas suas famílias, a procurarem ajuda médica e informação que vos possam guiar neste aspeto da vossa vida e informar-vos sobre as vossas opções.

“Quero que saibam que existem muitos médicos de medicinas não convencionais, maravilhosos, que trabalham diariamente em alternativas às cirurgias. O meu processo será colocado no site do Pink Lotus Breast Cancer. Espero que seja inspirador para outras mulheres.

“(…) Escolhi divulgar a minha história porque sei que existem muitas mulheres que não sabem que vivem sob a ameaça e a sombra do cancro. A minha esperança é que todas elas tenham a possibilidade de fazer o teste genético e que no caso de risco elevado de cancro saibam quais são as suas opções.

“A vida apresenta-nos muitos desafios. Os que não nos devem assustar são aqueles que podemos assumir e controlar”.

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