Ana Brito e Cunha, A fé de aprender!

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…  Acho que foi o magnetismo que a Ana tem que me fez ficar sentado no sofá a olhar para a televisão enquanto atava os cordões dos ténis. A imagem é mesmo essa. Não me voltei a levantar até ao final da conversa que a Ana teve com a Cerqueira Gomes. Do que me lembro da vida ninguém me falou de fé com tamanha semelhança como a sinto. Parecia que era eu a falar comigo mesmo. Impressionante! Para além disto, escutar parte da sua história e do seu caminho faz-nos acreditar que não há, nem tempo nem portas fechadas para aquilo que queremos, para o que somos, sejamos o que formos e vindos de onde for. Quem olha para a Ana, do que a conhece, cheia de cor, colares, pulseiras, gargalhada sonora não lhe vê nem a fé nem a crença num mundo melhor. Mas está lá. Ficou patente nesta conversa. A isto junto-lhe e generosidade feita palavras em cada história que contou. Todos temos partes da nossa história que podem agradar mais ou menos a quem a escuta, mas acho que não existirá uma pessoa que tenha escutado este ‘conta-me’ e não tenha tirado dali uma lição que fosse para além da fé, para além de se acreditar que, ou caminhamos para um mundo melhor ou não vale a pena, podemos aprender que a esperança fica sempre mesmo quando parece não haver onde nos agarrar.. Aprendemos que o destino não só nos marca a hora como pode ter a influência divina de quem nos guia para lá das nossas vontades. Aprendemos que do amor não devemos desistir nunca e que ele pode aparecer devagar e nem sempre vem aos pulos e cheio de entusiasmo, mas que depois fica forte, ainda mais forte e cria fortaleza. Da conversa fica a imensa vontade de ter gente que me rodeia com a luz que a Ana emanou sentada no jardim que pertenceu à sua família e hoje, é um museu onde todos devemos ir e onde o filho Pedro andava a correr durante a conversa, como andou ela e os muitos primos até ser adulta no jardim de verdes e flores, ou de mar para onde mergulhava atirada das rochas com as que sonha muitas noites e onde escuta as memórias de ter sido ali muito feliz. Não saberia explicar a razão de ter ficado sentado a escutar, para lá da sensação boa que me deu ouvir tudo o que dizia e como dizia. Sem exageros, sem complexos, sem medos, sem culpas e acima de tudo, sem presunção nem pretensão a coisa nenhuma. E dou comigo emocionado porque nos lembrou que a vida é simples se percebermos o gratos que deveremos ser, se pararmos para perceber o aqui e agora e entendermos que nada é para sempre. Eu, como a Ana acredito na enorme força do Universo e das energias boas, para lá da fé e das devoções. Eu, como a Ana, sei que a nossa ligação à Fé tem que ser alimentada como se alimenta um amigo e eu, como a Ana sei que há ciclos que tem que ser fechados sob pena de não se avançar se não o fizermos. Mesmo que custe. Foi bonito escutar de forma atenta a mulher que – como a definiu Maria – ri com a mesma intensidade com que chora. Imagino-a com a alegria imensa da luz que mostra a todos, mas também a imaginei muitas vezes em pranto porque a vida já a meteu à prova. Senti nesta conversa, que tem consigo a força eterna de uma fada que a acompanha sempre, um amor que descobriu depois dos 40, a coragem de dizer que teve que reaprender muito do que sabia na profissão e a humildade de aprender coisas novas para nos entrar casa dentro como Florinda, na novela ‘Festa é festa’ onde é desafiada a ser uma mulher, cheia de fé como Ela mas mais serena, calma e menos expressiva… Cada vez que vir uma cena dela, vou olha-lá com a fé de aprender. Aquela que nunca devemos perder de vista.

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