… Estreou a segunda temporada de ‘casados à primeira vista’. Voltou a ser uma estreia em grande. Gosto muito do programa, gosto da exibição sem vergonha do amor e gosto da coragem que se coloca numa aventura destas. É um programa de televisão, é um facto, mas para lá disto temos gente com corações dentro que depois de tentarem muitas vezes abraçar alguém para vida não conseguiram. Há milhões de razões para não terem conseguido até chegarem às mãos dos especialistas do ‘casados’. Não nos importa julgar o que aconteceu até aqui. Agora, estou convencido que com esta nova experiência todos devemos aprender um pouco, porque – já o disse muitas vezes – nós não somos só uma coisa. Todos teremos coisas em camadas destes corações que no Domingo entraram nesta aventura. O desafio onde eles se meteram foi o de esbarrarem num amor à primeira vista. Não é fácil, porque é muito complicado existir uma química imediata quando o primeiro contacto visual é no altar, mas eles acreditaram (ou confiaram) que sim e eu também. Eu sou dos que acredita que vale a pena tudo pelo amor, porque nunca é demais enquanto estamos dispostos amar, a descobrir onde está quando não damos de caras com ele à primeira, à segunda, muitas vezes à terceira, ou à décima vez… não há uma regra nem m padrão. É isto que me fascina no programa. Foi isto que me fascinou no outro e encanta neste. Eu devia ter estudado qualquer coisa a ver com comportamento humano, sei que me ia dar lindamente na função (modéstia à parte). Gosto de analisar. Ver as relações crescer e espelhar uma realidade que está à nossa frente, ao nosso lado, muitas vezes dentro de casa e não damos conta. O amor é isto: a procura constante por alguém quando se está sozinho. A maioria não gosta de estar sozinho. Mas a verdade é que sem nos darmos conta, se não estivermos atentos, ficamos sozinhos. As pessoas estão preguiçosas, tem medo de estar, tentar, arriscar e quando chega a altura de ir em frente, não arriscam porque o medo se mantém. Estão acomodados, porque com o avançar do tempo e da tecnologia, consideraram que as relações – como sempre se entenderam – estariam gastas e descartáveis. Eu não concordo com isso! Tenho a certeza que todos querem uma relação, mas como estão acomodados, a maioria fica quieta à espera que alguém apareça e lhe transforme a forma de ver as coisas e viver o amor. Não acredite nunca em alguém que lhe diz que o que quer é estar sozinho, que é hiper independente, que emocionalmente está resolvido… É mentira! Todos querem. É o que queremos todos. Já vos contei que uma amiga minha me disse, ..’podia ter-me inscrito no programa’. Claro que sim! Que se poderia ter inscrito. Diga o mundo o que disser, digam as pessoas o que disserem, todos querem uma relação. E para que serve uma relação? Serve para nos completarmos, para nos sentirmos à vontade com a outra pessoa, para ser prazerosa. Concordar e discordar! Descobrir caminhos novos. Aprender. Reinventar. Uma relação tem de servir para ir ao cinema, viajar ou para simplesmente ficar em silêncio, sem que nenhum se aborreça com isso, ainda que sentados lado a lado. Tem que servir para estimular, para que ambos se ampararem em inquietações que tiram o sono, confiar e acima de tudo divertir. Na relação tem de apetecer fazer sexo sem culpas quando não apetece fazer ‘amor’ e nos dias que não apetecer fazer, nem uma coisa nem outra, dormir logo depois do jantar. Porque amor e sexo por si só não são a mesma coisa. O sexo é uma coisa carnal, suada, muitas vezes tensa e apressada. Antes dos músculos se relaxarem, o sexo deixa-os tensos, exibidos. O amor não nos deve deixar tensos, mas devemos exibi-lo. Seguro, certo, acompanhado, confidente. O amor poderia ser a almofada onde descansamos a nossa alma, o sexo os lençóis amachucados dos corpos cansados. O sexo é bom. É bom sempre quando se faz por querer com quem se quer e co quem o quer. É melhor se o fizermos apaixonados e melhor ainda se amarmos a pessoa com quem o estamos a fazer. O amor é muito mais que a troca dos corpos suados, quentes e acelerados. É um encaixe procurado com batimentos cardíacos descompassados depois de um orgasmo. O amor é sereno. Serve para nos abrigar da chuva, aquecer os pés, dividir uma gargalhada, dividir alegrias, brigar. O amor ‘briga’ muito e por vezes briga em excesso. Mas vence sempre, porque o amor sabe o seu lugar numa relação de verdade. Uma relação de verdade tem de servir para cobrir as dores um do outro quando for preciso, como quem cobre o outro quando o cobertor desliza durante a noite para que não arrefeça. Tem de servir para se abrir uma garrafa de vinho, mas acima de tudo para se abrir o jogo. É importante que os dois se abram ao mundo, conscientes de que o mundo não se resume apenas aos dois, mas que os dois são o mundo de um e outro. Uma relação é uma palavra com sete letras que, de forma disciplinada e respeitada, significa felicidade, que tem dez letras mas que encaixa na perfeição. Basta querer… Se o encontrou, valorize-o!
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