… Fazer televisão tem muitos privilégios quando o prazer de a fazer se une com o de quem vê. No dia internacional da mulher este ano, escolhemos no programa como protagonista Fernanda Tadeu. Quando disse à minha coordenadora que seria boa ideia fazer-lhe o convite, tinha claro – caso aceitasse – que o meu objectivo de conversa era mostrar a Fernanda mulher para lá da companheira de António Costa. E conseguimos fazê-lo. É fácil acontecer quando os convidados são generosos e melhor ainda, quando temos a certeza absoluta de que aquilo que estamos a perguntar, a revelar e a mostrar importa ao público. Importa por muitas razões mas principalmente, porque o foco é revelar o verdadeiro lado da imagem de alguém que, à partida já tem uma imagem desenhada perante todos. Fernanda Tadeu foi generosa. Eu tenho uma profunda admiração por ela desde o dia em que a vi à frente da manifestação dos ‘Indignados’ quando, enquanto professora, reclamava mais direitos e melhores condições sendo o seu marido já Primeiro Ministro. Não deve ter sido fácil a decisão mas, política à parte, fiquei naquele instante com a certeza de que a mulher do Primeiro Ministro tinha chegado com a certeza de que um gesto, um sinal, uma atenção faria a diferença. E fez! Fernanda pode ser mulher de António Costa e com ele ter a sua família, o seu caminho de muitos anos mas mantém também o seu caminho paralelo e o seu objectivo muito para lá de se ser chamada ‘mulher de’. Tem a constante preocupação de escutar o que a rua lhe diz, e com isso dar ao marido ferramentas de quem sabe o que pulsa a vida real. Fernanda é uma mulher de causas que por se ter ‘zangado’ com o Ministério da Educação onde trabalhou como educadora de crianças tantos anos, resolveu sair e tentar fazer com o que tem à sua volta o mundo melhor e mais acessível. Preocupada e atenta com quem a rodeia, mostrou nesta conversa que tivemos, a generosidade de quem entende começos e recomeços. Percebeu que as pessoas tinham curiosidade de saber quem é a Fernanda mãe. Uma mãe ‘galinha’ a quem custou muito ver os filhos ganharem asas fora do ninho que imaginou para eles. A Fernanda mostrou o lado emocional de uma mãe. É a falar dos filhos e da sua infância que os olhos mais lhe brilham e é impossível ficar indiferente à emoção de que se orgulha do seu caminho enquanto mãe. Nota-se que entregou em amor grande parte da sua vida a outras crianças, para que elas fossem felizes e levassem para a vida o melhor. ‘Formar crianças, preocupada com o seu futuro‘ foi o que nos disse em conversa. A responsabilidade vai muito além daquilo que se imagina, por isso é importante que a professores e educadores sejam dadas as condições certas e justas para que o seu trabalho seja desempenhado sem arrelias e apenas focado no resultado, porque um bom resultado na educação é meio caminho para um bom futuro. Fernanda é simpática, é elegante, é justa e acima de tudo é coerente. Não diz por dizer nem fala por falar. É simples, honesta no discurso e humilde nas raízes de que se orgulha. Lembrou os tempos de namoro, os tempos de adolescente e foi elogiada pela sogra. Maria Antónia Palla uma alta referência das mulheres deste País. Fazer televisão é ter todos os dias a função de entreter e a obrigação de elevar o que se faz levando a quem nos vê o melhor dos dois mundos. A informação e o entretenimento. Quando Fernanda deixou o cenário, foi feliz e leve. Nos braços levava um ramo de tulipas – as flores de que mais gosta – e no coração a certeza de ter estado à conversa com duas pessoas que tinham o objectivo de elogiar todas a mulheres num dia que ainda faz sentido assinalar porque ainda há diferença, ainda há medos, ainda há certezas absolutas que são disparatadas e porque ainda há gente que pensa que ser mulher de primeiro Ministro é um cargo. Ficou claro que Fernanda é muito mais que isso, e ainda bem para nós, porque feitas as contas António Costa tem ao lado uma mulher que sabe o que se passa na vida real. Isso, como se imagina, é a mais valia da proximidade. Obrigado Fernanda!