… Continuarão a ser sempre as férias da Leonor. São escolhidas por ela, com quem ela quer e onde ela quer. Nos horários tento ser rigoroso, mas é complicado. A Leonor cresceu! Mantemos esta tradição de férias ‘a dois’ desde que me separei. Já lá vão uns anos valentes. De vez em quando olho para ela, ali dentro de água e penso, ‘E para o ano?’ Fico sempre com a sensação de que o seu crescimento vai um dia impossibilitar, por algum tempo, a vontade de estarmos juntos tantos dias de férias, porque aos 15 anos as prioridades dela são outras e aos 16 serão outras, e depois outras… Eu tenho a noção disso, eu sei que é a lei natural das coisas e há um lado que grita ‘Ainda bem que assim é’, porque quero uma filha independente, de livres escolhas e vontades, mas há também o outro lado, que se vai apagando, onde gostava de a ver à minha procura com os olhos muito abertos quando sai da água… Sinto saudades disso. São saudades boas, mas são saudades, e todos os pais percebem o que quero dizer. As fotografias que tenho em papel revelam que o tempo não é generoso com as saudades, nem se apercebe das coisas que nos vai fazendo. Mas ao olhar para estas imagens vejo também o generoso que foi com a minha vida e com relação que tenho com ela. Isso é o mais importante. Ela a crescer e eu aqui. Ao seu lado, de olhos postos no que vai acontecendo, a vê-la crescer e a ganhar maturidade. Farei o que devem fazer todos os pais. Tenha ela a idade que tiver e mesmo que se irrite comigo, vou dizer mil vezes para passar protector solar no corpo, que o chapéu tem de estar na cabeça, que não são horas para estar ao telemóvel, que não quero que coma um gelado todos os dias, que tem que ser mais despachada no banho e arrumada nas coisas que ficam espalhadas… E ela, estou convencido, vai sempre dizendo que sim e fazendo a conta dela. A mim cabe-me perceber as regras deste jogo, que é educar uma adolescente. Não sei em que dia ela me dirá ‘Pai, este ano vou com as minhas amigas no Verão!’…
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