… Gosto muito de olhar para cima. De ver o que pode chegar, e perceber o que deixei para trás. Não gosto de apontar o dedo, não gosto que me apontem a mim. Gosto do silêncio e do que ele envolve quando é voluntário. Gosto da expectativa sobre qualquer coisa, desde que tenha a certeza de que vai ser boa. Gosto de dormir nu, de não ter que ligar o aquecedor do quarto, de tomar banho e sentir as toalhas frescas a cheirar a limpo. Gosto do cheiro do café logo cedo e de deixar a janela aberta. Gosto de gelado, gostava de comer todos os dias muito desde que fosse de chocolate preto e baunilha. Gosto dos beijos de quem gosto. Gosto de amigos, de estar com eles, de perceber que querem estar comigo. Gosto de ser desafiado para aquilo que acho que não gosto. Gosto de estar uma tarde inteira sentado numa esplanada sem olhar para o relógio. Gosto de ovos mexidos e batidos de gengibre. Gosto do que faço, embora faça mais do que gosto. Gosto de escrever, de achar que sei escrever. Gosto de achar que tiro boas fotografias e gosto de abrir caixas cheias de fotografias antigas. Gosto de tudo o que me inspira e do que me faz sentir. Gosto de ter a roupa arrumada, saber o que vou vestir. Gosto de imaginar como estarei daqui a um ano. Gosto de viajar. Gostava de ir à Grécia. Gosto de sushi. Gosto de água, muita água. Sempre água. Gosto de andar a pé sem destino. Gosto de ter dias livres e de fazer com eles o que me apetece. Gosto de cinema italiano, espanhol, francês… Gosto de cantar em qualquer lado e de dançar em casa. Gosto de uma sala cheia de histórias. Gosto de livros, de comprar e ler quando me apetece. Gosto de escrever frases soltas e deixá-las dentro deles. Um dia quando as encontrar e voltar a ler poderão fazer sentido, ou não. Gosto de perceber que faz sentido.
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