… Marta vive sozinha numa casa pequena que acabou de restaurar. Nuno vive numa casa melhor, mas nela reina a confusão geral “casa de solteiro” desculpa-se sempre que tem de levar lá alguém. Regra geral, as pessoas entram e saem daquela casa apenas pelo sexo. Marta foi a única que um dia entrou por alguma coisa mais. Hoje, depois de o ver descer a rua de olhar despido de tudo lembrou-se entre forçadas gargalhadas que seria dia de irem ao supermercado como sempre o fizeram. Não sabe se Nuno foi. Marta, pegou no carro e foi às Amoreiras. Abasteceu o carrinho de coisas que lhe fazem falta e de muitas outras que só porque são giras e fazem mal também a satisfazem nesta altura. Carregada de sacos, atrapalhada no dia a dia e sempre pendende do telefone à espera que uma sms lhe traga de volta a rotina que já não quer, mas que a deixa com saudades, mete-se no carro e avança. Chega à sua casa, entre o arrumar das compras e o tagarelar com uma amiga com o telefone encostado ao ombro e o pescoço torto, Marta imagina que a última vez que Nuno esteve em sua casa brigaram, mas antes fizeram sexo. Sexo muito bom! como faz questão de contar às amigas. “sentia-lhe o cheiro, as mãos pesadas rasgavam-me a alma”. Nuno está em casa. Desleixado, num pijama velho com um par de meias nos pés e a precisar de um banho. Marta relaxa no seu sofá a cheirar a novo. Apaixonada. Mas racional…
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