Chegou ás quatro da tarde convencido de que Marta iria mais uma vez fixar o seu andar e certo de que subiria a rua com ares de grande homem. Enganou-se! Já tinha subido aquela rua várias vezes, com este ar ou com aquele, preocupado com a Marta e todas as outras que estavam na esplanada. A vida tem destas coisas. Quando menos de espera, somos obrigados a mudar o rumo. Foi o que aconteceu ao Nuno. Desceu a rua convencido, mas subiu-a de cabeça baixa, olhos na calçada e passou discretamente para o outro lado do passeio. Marta dividia um chá com um grupo de amigas e soltava grandes gargalhadas. A certa altura foram mais sonoras e longas. “está a fazer de propósito”, pensou Nuno. Pensou bem. Marta não se está a cagar para ele. Mas vai estar um dia. Até lá, faz a fuga para a frente. Quando ele passa, num fato escuro, ela consegue vê-lo pelo canto do olho, “vais pagar. Cabrão!”. Pensa. Ri.