... Há coisas que não se explicam. Não faz sentido explicar porque ninguém as entende. Há coisas que sentes, vives, passas que ficam tuas. Não adianta dividir com ninguém, mesmo que se tenha vontade. Quem não sentiu, viveu ou passou o mesmo não vai perceber. Entre mim e o bolo mármore passa-se isso. Eu não consigo explicar o prazer imenso de o comer. Saborear. Descobri-o há alguns anos e temos uma relação estranha. Durante uma temporada amo-o desalmadamente como se me apetecesse comê-lo todos os dias à noite. Depois há alturas em que não consigo sequer ouvir falar dele. Lembra-me a infância, a facilidade do doce, a mistura dos dois sabores e da camada fina do chocolate. Agora estou numa fase onde me acho o amante perfeito deste bolo. Como-o muitas vezes. Devagarinho para não ficar com peso na consciência do mal que me faz. Acompanho-o sempre com leite. Faço-o quase sempre à noite antes de dormir. Não preciso que me digam que faz mal. Eu sei o que me faz e o prazer que me dá, mas não adianta tentar explicar-vos. Vocês não olham para ele com os mesmos olhos que eu. Não o saboreiam como eu. Lamento!
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