… O que nos ensinou Noah!

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… Claro que há muita coisa por explicar no desaparecimento do pequeno Noah, mas assim de repente acho importante celebrar que o menino apareceu com vida e está bem. Foi um sufoco e ficámos todos suspensos na expectativa de uma noticia, e a verdade é que a maioria achava que a notícia que chegaria bem mais tarde não era a que se queria e de repente estaríamos perante mais uma tragédia. Pior ainda, a maioria já fazia juízos de valor, apontava o dedo. Vi coisas escritas e ditas que bradavam aos céus durante as 35 horas que o menino esteve desaparecido e depois continuei a escutar umas quantas que já com o menino de volta para os braços dos pais, alimentaram o comentário na intenção de se encontrar um culpado. Somos na maioria das vezes assim, queremos muito e quando temos, queremos mais ou outra coisa. Foi como me disse o inspector Vitor Marques, ‘importa celebrar que o menino apareceu com vida. O resto a investigação tratará’. Foi nisso que me fixei desde o primeiro dia. Mas este episódio trouxe-nos dois lados que temos sempre em nós dispostos a sair a qualquer momento. O apontar do dedo, mesmo não sabendo nada do assunto, o ‘achômetro’ que se liga, os treinadores e bancada… Estamos a falar de uma criança, num contexto de vida diferente da maioria das crianças e que de facto pode fazer aquilo que se disse que fez, que é sair de casa para ir ter com o pai. O que não podemos fazer é apelar a um estilo de vida mais livre e depois quando alguém o tem atiram-se pedras, porque esse estilo de vida não está dentro daquilo que quem opina acha certo. Caberá agora a quem de direito avaliar a forma de viver de Noah e da sua família, mas terá que a avaliar consoante o contexto e a escolha livre que cada um dele tem e não consoante o padrão citadino que a maioria acha bonito e seguro. A nós, Noah trouxe a esperança de acreditar que nem tudo esta perdido quando achamos que pode estar. Noah é um milagre e teve aquele tempo todo amparado por uma força superior que o colocou depois nos braços dos populares. Não sei se alguém o levou, se há mão criminosa neste feito, mas sei que o menino apareceu e que isto deve servir para que se nos renovem as esperanças em finais felizes, que nos deixemos de certezas absolutas e de apontar o dedo porque é urgente encontrar culpados. A mim, no dia que Noah apareceu caíram-me lágrimas porque vi uma aldeia inteira feliz com o acontecido, e percebi que a união daquelas pessoas fez a força e ajudou. Fiquei feliz, porque as nossas forças de segurança, a nossa PJ têm uma noção muito clara do que fazer se as deixarem actuar. Fiquei feliz, porque a população acatou o que lhes disseram e mais feliz ainda fiquei, porque Noah se torna numa espécie de hino à vida e à liberdade que cada um tem o direito de ter e ser. Se os pais devem ter mais cuidado? Claro que sim! Mas atenção, todos os pais estão sujeitos a que uma coisa destas aconteça. Se não é uma porta que está aberta, pode ser outra coisa qualquer e não por isso os amam e desejam menos. Fiquemo-nos com o final feliz. Com o milagre do bonito final e respiremos de alívio com a sensação que nada é o que parece até se ter a certeza que é.

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