… Estava por estes dia a pensar que os magníficos estão dentro da casa do Big Brother há muito tempo, estão na recta final e à espera de perceber se o jogo lhes valeu a pena, se o que lhes fica disto é uma boa experiência ou se passam pela casa da Ericeira apenas como ponto de agenda na sua vida e não tiram nada dali. Vejo-os ansiosos à espera que o tempo passe, para que rapidamente lhes abram as portas para que corram para os braços de quem os espera cá fora. Há gente que me diz, ‘estão lá há tanto tempo’, outra diz ‘entraram há poucos dias, e já fazem isto e aquilo’, eles próprio olham para o tempo de forma diferente. Uns dizem ‘que este tempo é muito tempo’, outros dizem à boca cheia ‘ficaria aqui mais tempo’. Mas todos com saudades do que os espera cá fora… Cá fora, como na vida real, as pessoas julgam, analisam, comentam… Aproveitemos o Big Brother e o tempo deles e paremos para pensar: Durante quanto tempo se espera por alguém ou alguma coisa? Não saberia responder a essa pergunta porque já esperei tempos diferentes pelas mesmas coisas, ainda assim dei comigo estes dias a pensar onde estará a linha entre a justa espera ou a hipoteca do nosso tempo à espera seja do que for. São coisas diferentes, ainda que se possam tocar numa fina linha. Há coisas que esperamos convencidos que vão acontecer e outras que sabemos que remotamente virão ao nosso encontro um dia, talvez um dia ou talvez nunca. Nessa altura precisamos perceber se adianta irmos nós e deixarmos de ser a ‘espera’ para ser ‘o esperado’. Como em tudo na vida a alteração de visão dá uma noção de perspectiva. Estamos, por exemplo, há muito tempo para abraçar seja quem for. Esperamos demasiado tempo por uma encomenda no correio. Por um telefonema de alguém. Já li histórias de gente que espera por gente anos. Anos seguidos enquanto a gente esperada faz a sua vida agarrada a certeza de que o caminho é em frente. Não há nada no mundo que possa medir o tempo da espera para lá do relógio e ainda assim os relógios tem horas diferentes dependendo de quem espera ou de quem é esperado. Não há relógios iguais como não há razões iguais para quem decide esperar ou deixar de o fazer. Nunca gostei de fazer esperar, talvez daí a minha pontualidade britânica. Chego sempre antes da hora marcada, mas para que isso aconteça é preciso imaginar os imprevistos do caminho, antes de partir ao encontro, para não dar desculpas depois. De verdade que não sei o que me custa mais, se esperar ou fazer esperar. Acho as duas coisas violentas e muitas vezes, dependendo da situação pode ser indelicado e falta de consideração. Irritam-me as pessoas que se desculpam com o tempo, com o trânsito, com o trabalho… se há alguém à nossa espera nada pode ser mais prioritário. Há gente que não pensa assim, mas acredito que com o avançar do tempos são cada vez menos as pessoas que se dão ao luxo de fazer esperar os outros. Acho mesmo. O mundo meteu-nos a todos numa espera suspensa por uma espécie de arames, se não aprendermos com isto, então não sei porque esperámos tanto para chegar até aqui! Juro que não sei. E como não sei nem imagino, continuo a fazer o caminho, hei-de chegar algum dia e terei alguém ou alguma coisa à minha espera, porque como escreveu Saramago ‘chegamos sempre ao sítio onde nos esperam!’
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