… A Liliana sempre disse: ‘Vamos ganhar!’. E ganhámos! O Passadeira Vermelha recebeu pela segunda vez o prémio de Melhor Programa de Social da televisão portuguesa, atribuído pelos ‘Troféus de Televisão da IMPALA’. Acho que foi justo. Muito merecido. Já tinha explicado o ano passado que este prémio dado a um programa como o Passadeira, não é só nosso de quem dá a cara e de quem o faz. É mérito de quem o assiste e escolhe fazê-lo muitas vezes seguidas porque assim se diverte, se afasta da sua realidade meio chata às vezes, ou simplesmente gosta. Pode gostar-se descomplexadamente de um programa como este. Não sejamos quadrados, tontos e preconceituosos. Todos os programas bem feitos merecem ser apreciados. Somos vencedores por mérito porque até há pouco tempo éramos os únicos que fazíamos, na verdade, um programa de social como ele se entende no resto do mundo. As coisas avançaram, mas não há ainda em Portugal um igual, já há proximidade, e ainda bem que a concorrência fortalece e obriga ao crescimento, mas não há igual nem de perto. Somos os melhores em comentário, opinião, informação, contraditório, polémica, divertimento e exclusivos. Tudo isto no mesmo programa. Puxo a brasa à minha sardinha e à equipa porque acho justo fazê-lo, porque até agora tudo o que se vê à volta são inspirações. O programa tem hora e meia todos os dias: construir um alinhamento em cima do que existe com actualidade e durante hora e meia não é fácil. Quem trabalha em televisão sabe isso. É preciso valorizar quem o faz, mesmo descordando algumas vezes. Na minha opinião – sem modéstia nenhuma – o programa ganha porque eu tenho muita química televisiva com a Liliana e isso para mim é fundamental. Ganhamos todos com o leque de comentadores que temos, que juntos fazemos a diferença. Ganha o programa porque o público, que cresce todos os dias, nos escolhe como alternativa ao serão ou nos apanha durante o dia em repetições e fica a ouvir, a ver, a ser entretido. Ganha, porque a equipa é coesa e ver grande parte grande dela em cima do palco a acompanhar a Liliana e o Azinheira – que nos representou – deixa-me vaidoso, porque não há nada melhor numa equipa que ser valorizada. Ter um editor embevecido, uma redacção vaidosa, os realizadores orgulhos, os técnicos satisfeitos… é meio caminho andado para o sucesso. Somos coesos. Não somos todos amigos uns dos outros. Mas somos todos iguais. E assim é que faz sentido. Televisão, não se faz sozinho. O bom de ganhar um programa destes é ir percebendo que o espectador está atento e sabe onde está a qualidade de algo feito com verdade. Nós somos verdade! Não somos os melhores do mundo. Somos os melhores em Portugal. Somos um programa que gera conteúdo no dia seguinte aos sites da especialidade. Não há um dia em que não sejamos manchete daquilo que ali opinamos, comentamos, avançamos. Isto quer dizer qualquer coisa. A notoriedade traz a responsabilidade. Sempre pensei isso, e sempre trabalhei com esse objectivo. A equipa do Passadeira fica satisfeita a trabalhar para 300 pessoas ou para 300 mil, isso nem se discute, mas sabemos que quanto mais longe chegamos, mais divertimos, mais informamos e mais cumprimos o objectivo a que nos propomos. Não sei o dia de amanhã, não sou bruxo, mas sei que o que ali se faz é difícil de conseguir durante muito tempo com a mesma qualidade e frescura e ali consegue-se porque o espirito de missão mantém o pleno entre todos. Não sei o dia de amanhã, mas sei que hoje temos o segundo prémio em casa e quando a Liliana o recebeu e o Hugo editor me enviou a mensagem – eu estava fora por isso não pude estar no São Jorge – pensei o mesmo que o ano passado, ‘Vencemos!’. Não o programa, mas o género. Esbate-se aqui uma espécie de preconceito que Portugal tem com programas deste perfil, que foram sempre olhados de lado. Eu sei o que digo, porque já trabalho nisto há muito tempo e sou o mais antigo do País a fazê-lo. Exactamente porque sei o que digo sei que este prémio é do público e para o público porque é dado por ele. Vencemos! Isso já ninguém nos tira mesmo que amanhã eu deixe o programa, ele mude de horário, rodem as cadeiras. Já ninguém me tira o prazer de ter contribuído – e muito – para esbater o preconceito idiota que programas desta natureza tinham ao ser olhados de lado pelos protagonistas e pelos seus pares. Estamos todos nivelados por cima quando fazemos bem feito. Da parte que me toca continuarei a reclamar em directo, a indignar-me, a rir, a falar inglês, a cantar, a opinar, a falar sério, a rir muito, a implicar com a Liliana, a contrariar os meus colegas, a emocionar-me e a dar exclusivos. Da parte que me toca, se caso for, pedirei desculpa mil vezes, das mil vezes que me excedi ao interpretar ou ser interpretado e eventualmente – porque é da minha natureza e da essência do programa – vou voltar a fazê-lo. A única diferença é que agora, o farei ainda com maior responsabilidade durante o tempo que o passadeira for ‘meu’, porque sendo ‘meu’ é vosso e se temos que tratar bem uma coisa nossa, temos que tratar melhor uma coisa que nos é confiada. Obrigado!
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