… Parabéns Cristina! (Podia ser Cristina do Mar)

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… Não é o dia dela porque na verdade todos os dias têm sido dela de há muitos dias para cá. Hoje, a Cristina faz anos. O mundo celebra hoje o dia que a viu nascer, sem este mundo imaginar que ela trocaria as voltas a tudo o que lhe aparecesse à frente até deixar o seu nome marcado nele da mesma forma que o tempo deixa a marca nas rochas e mesmo assim, depois do muito que o sol lhes dá, que o vento as tente derrubar, que o mar insista em as desviar, as rochas ficam no lugar que delas por destino. Marcada pelo tempo a rocha fica ali. Firme e presa sem abanar nem desviar. Moldada, a verdade é essa, o que atinge a rocha ao longo do tempo deixa marcas. A rocha parece dura e a olho nú quase não se notam a marcas, mas as marcas estão lá. Na rocha como no mundo e a verdade é que Cristina tem o seu nome marcado na história do mundo da televisão como milhares de ondas foram responsáveis pelas marcas deixadas nas rochas do mar que ela tanto gosta. Nunca lhe perguntei, mas o barulho do mar deve ser a sua banda sonora favorita. Palpita-me que o azul que se mistura no horizonte quando mar e céu juntos fazem junção, deve ser a cor que escolhia para ela, se tivesse que escolher uma cor até porque é em degradé. O sol quase a desaparecer lá ao fundo numa dança de tons que se misturam entre o encarnado, o amarelo e o laranja seriam um par de brincos vistosos e desconfio que a espuma do mar quando rebenta na beirinha e deixa o rendilhado contornado a branco na areia molhada na altura que regressa a casa, pode fazer-lhe lembrar os enfeites de que gosta quando aparece ao mundo e dos quais se despe quando o mundo é só dela e dos delas. ‘Os dela’ são poucos, muito menos do que se pode imaginar e acredito que muitos nem imaginam que não pertencem ao mundo dela. Estão ‘apenas’ nele convencidos disso, mas a Cristina também nisto é como o mar, ‘porque o mar deita fora o que não presta’. Toda a vida ouvi isto, toda a vida tive este lema e desde que se mudou para o bairro onde eu já morava e me deu a chave de casa, percebi que ela sabe mais disto meio adormecida, que o mundo todo acordado de repente com baldes de água gelada, como se os baldes tivessem sido cheios com a água do mar frio da Ericeira – e se a água da Ericeira é fria – é bom que seja, para que fiquem despertos e espertos e percebam que hoje se assinala o dia da Cristina porque o calendário dita que se assinalem os dias e alguém decidiu que fosse neste dia, há 42 anos que a Cristina começasse o seu caminho. Não e fácil este caminho, não se enganem com o brilho, com os valores, com as capas, com o títulos, com a fotografias, não se deixem enganar  pelo caminho, porque terá tanto de bom como de mau e o sorriso –  a Cristina tem o sorriso mais bonito da televisão (e eu tento imitar todos os dias) muitas vezes – se deve transformar em lágrimas com sabor a sal como a água do seu mar, porque de vez em quando custa. Porque se de vez em quando custa a todos, ser Cristina Ferreira também deve custar. Até aos pescadores, que conhecem o mar como a palma da mão lhes custa de quando em vez desbravar a água, como não custaria a alguém que quer fazer o seu caminho? Um caminho feito de desbravar. É um caminho bonito. Se ela hoje olhar com atenção vai perceber de certeza que o caminho é bonito, se o olhar de frente pode dar de caras com um mar sereno e calmo a meio desta caminhada, mas que já foi menos bonito e mais turbulento com ondas a bater umas nas outras, areia pouco suave onde os pés arranhavam só de a pisar e a chuva caía fria e grossa em cima do mar, da areia e das rochas numa briga onde eram todos vencedores num podium só de primeiros lugares porque são todos forças da natureza. E a natureza vence sempre, seria um empate entre eles. A Cristina é uma força da natureza, mas até nisso diferente, ela gosta pouco de empates. Garanto! Hoje, que estou todos os dias com ela, não me arrependo de nenhuma critica ou elogio que lhe fiz desde que dou opinião sobre a figura que aparece no ecrã. A Cristina faz anos, está de parabéns, e antes que ninguém se atreva a dizer-lhe por vergonha ou porque o elogio no nosso País não se pratica muito, é importante que se lhe diga que, sem querer ou querendo, fica com o nome gravado na história da televisão em Portugal, como o tempo gravou marcas nas rochas de tanto insistir nelas. Daqui a 50 anos, quando falarem de televisão, vão falar de uma loira bonita, que falava alto, de jeito leve, decidida, empreendedora, inovadora e marcante. A mulher que mudou o rumo da história da televisão em Portugal, não porque se transferiu de canal – que isso é a lei do mercado – ou pelo menos não só por isso, mas porque Ela inventou uma forma de fazer daytime com o capricho de quem olha para o horário nobre, porque ela mostrou a todos, que todos os horários da televisão são nobres, se a televisão for feita com a nobreza e o respeito que merece, porque é isso que merece quem a vê. Faz anos a Cristina da televisão, e faz a mãe, a filha, a namorada, a mulher, a amiga. Todas as ‘Cristinas’ numa Cristina que poucos conhecem e que guarda religiosamente para si, quando se despe de todos os brilhos e se aconchega em casa sozinha ou com os vizinhos que  lhe batem à porta porque a vida os meteu no seu caminho e ela os manteve na sua vida – e não falo de mim, que cheguei ontem – falo dos que fazem o caminho há tanto tempo como ela. Uma das coisas boas desta Cristina é saber que tem gente no seu caminho há tanto tempo como ela. Isto diz muito de uma pessoa, para quem entende de pegadas e de pessoas, na prática isto diz quase tudo. Parabéns Cristina!

 

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foto: Instagram Cristina Ferreira

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