… Não sei se existirá no mundo coisa melhor que ver os nossos filhos crescer na direcção que acreditamos ser a acertada. Penso muito na tal história das ‘decisões acertadas’. Quem somos nós para achar que o melhor para eles é uma coisa, outra, isto ou aquilo? Os filhos não são nossos, são do mundo, não é? Mas o que gosto de perceber, naquilo que é a minha experiência, é que a minha filha percebe bem aquilo que quer, o que deseja, que tem os objectivos definidos, ainda que mudem com frequência, o que é natural nesta idade… O que percebo na Leonor é a enorme lucidez no discurso e a grande generosidade no seu dia-a-dia. Nestas conversas que temos, percebo que ela me quer fazer entender que este momento é dela e dos seus amigos, do mundo que criam uns com os outros. Eu já fui adolescente, tenho irmãos mais novos e sei que esta fase é muito importante para ela e para todos da idade dela. É preciso deixar os filhos viverem a sua adolescência. Claro que temos de estar alerta e atentos, o mundo não acaba ao alcance dos nossos olhos, mas dá muita segurança perceber numa conversa que os nossos filhos percebem o que estão a fazer e entendem o caminho… A mim não me aborrece que a Leonor mergulhe mais de metade do seu tempo livre na sua vida de adolescente com os seus amigos e amigas, com as aventuras que tem nesta altura, ou que passe muito tempo no telefone. Faz parte e faz muita falta. A mim, o que me iria aborrecer e preocupar era perceber que a minha filha, um dia, precisaria de mim e eu, à distância de uma divisão da casa, não estaria ali porque não falaria a mesma ‘língua’ que ela. Isso é o importante. Não é o estar a toda a hora, sufocar, questionar, indagar. Isso não é nem bom, nem importante. Importante e fundamental é fazê-la perceber que estamos aqui. E que em momento nenhum ela pode sentir que não. Entendem isto? Sinto-me feliz com este nosso entendimento, porque o que me orgulha acima de tudo é o meu papel de pai. É nesse que, entre erros e acertos, não devo falhar!
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