Por




































Os pés molhados da minha princesa!
Não gosto do Verão, naquilo que as pessoas entendem dele. Detesto o calor em excesso e não suporto praias cheias de gente que faz questão de encostar a toalha à do vizinho, ligar o rádio, pousar o farnel na areia e gritar num português estranho qualquer coisa só para se fazer sentir presente… É claro que existem outras praias onde não se grita tanto nem se leva farnel para a areia, mas como esses não vão para o bronze nem para o divertimento, mas na sua maioria, para as fotografias dos suplementos de Verão, a gente finge que esse Portugal mestiço não existe. Pelo menos para mim não existe, que não faço questão nenhuma de me cruzar nem com uns nem com outros.
Nunca tirei férias em Agosto, que acho um mês excelente para trabalhar. Não há trânsito, não pago portagens e o telefone não toca tantas vezes. Porém, este ano calha-me gozar férias duas semanas seguidas em Agosto. O que não tem remédio, remediado está.
Confesso que estou ansioso pela tranquilidade dos dias sem telefone, computador, audiências reuniões, horários, … Quero ter quinze dias só para assistir pela primeira vez a Maria Leonor a ir à praia e, acreditem ou não, já sonhei com isso…
Parece que estou a vê-la de fato de banho cor-de-rosa e chapéu muito grande na cabeça a andar meio a cambalear a caminho do mar. Acredito que não tenha medo da água e que se delicie quando a sentir fria nos pés… Pelo menos a cara que ela manifesta quando ao fim do dia me sento com ela na beira da piscina na nossa casa de Vila Boim só denuncia bem-estar e descoberta.
Por mim era capaz de passar os quinze dias na beira da minha piscina com um grupo pequeno de amigos e com a minha princesa a assistir às suas reacções que são sempre uma descoberta. Sei que posso causar alguma inveja, mas permitam-me ser egoísta estas duas semanas, é para isto que me mato o ano todo a trabalhar. Para ter e dar a qualidade de vida que a Maria Leonor merece, num canto do Alentejo onde já chegou tudo o que tinha que chegar, mas onde ainda se respira a tranquilidade e se pode estar ligado ao mundo real sem esquecer que a paz de espírito, as esplanadas cheias de amigos a conversar sobre nada e um simples “bom dia!” fazem todo o sentido, no Verão e nas outras três estações do ano.
E quando me perguntam porque não abandono o meu Alentejo de vez e me mudo para Lisboa. Eu acho que só podem estar a gozar com a minha cara ou então gostam mesmo de andar amuados pelos elevadores de serviço.
A crónica acaba aqui, que o sol já se põe e a princesa que molhar os pés na água, na beira da nossa piscina e ser registada numa maquina digital pela mãe. Para mais tarde recordar. Não é isso que se faz sempre?
Sem tags

Blogs do Ano - Nomeado Entretenimento