… Setembro sabe-me a recomeço. Não é só o tempo de escola, da feira de São Mateus, das primeiras meias nos pés, do primeiro chá quente depois do verão, dos dias mais pequenos, da manta de regresso à sala… É a volta de qualquer coisa. ‘Qualquer coisa’ que chega outra vez porque o calendário deu a volta e depois, por muitas voltas que o calendário dê, as rotinas voltam e eu sou dos que gosta de rotinas. De ver gente no mesmo lugar à mesma hora. Comprar no mesmo lugar as mesmas coisas. Ver as mesmas coisas nos mesmos sítios. Sentir os cheiros de setembro. As roupas de setembro. O desejo a renovação de setembro. Renovação porque rotina não significa necessariamente a mesma coisa. Podemos fazer a mesma coisa com espírito diferente, sentir diferente, imaginar diferente. Setembro traz-me isso mesmo que não me traga mais nada. É bom abrir a janela e perceber que há ainda uma data de meses pela frente até chegarmos ao final do ano e que vamos a tempo de resolver tantas resoluções que fizemos a cada badalada que ouvimos há meses atrás. Setembro também traz isso. Mesmo que não traga mais nada, traz as primeiras chuvas com cheiro a frio e as chuvas são fundamentais para qualquer recomeço. São raras as plantas que nascem sem terra molhada. A renovação faz-se da molha. Com a alma acontece a mesma coisa.
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