… Um monte de roupa (um punhado de recordações)

Por

… Acontece-me sempre! Não sei se é só a mim, se é uma emoção rara ou estranha, mas acontece-me. Eu não gosto da rotina, mas também não gosto de sair dela (não se percebe). Os dias começaram a aquecer, a minha casa de Lisboa é pequena, preciso de espaço e é preciso mudar a roupa de gavetas, meter nos armários mais à mão as coisas mais frescas e guardar durante meses as camisolas quentes, os casacos grossos, as malhas… gosto de o fazer com tempo e calma. Com o tempo e a calma que perdi o outro dia. Uma manhã inteira naquilo. Dou comigo a emocionar-me enquanto meto umas coisas em caixas e de lá tiro outras, mais frescas que ficaram guardadas desde o ano passado. A mim, as peças de roupa contam histórias. Têm cheiros, memórias, lugares, emoções… Não serei um caso único, e ainda por cima como poupo e estimo muito todas as minhas peças de roupa, todas elas têm qualquer coisa a contar e algumas de há muitos anos. Coisas boas e menos boas. Mas todas têm. Tenho casacos de anos, malhas que já viajaram comigo muitas vezes. Tenho de tudo, agora dentro de quatro caixas cheias de roupa quente para o tempo frio. São caixas que guardam estados de alma. Agora, vem a roupa mais fresca. Colorida. Não chega com menos história, porque também a tem. Daqui a meses, volto a tirar as malhas grossas, e volto (acho Eu) a sentir o apelo à memória. Somos o que guardamos dentro de nós, disse uma vez Simone de Oliveira. Absolutamente. Digo Eu!
Já viram isto?

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