… A Fátima da Saudade!

Por

… Talvez por ser uma pessoa muitíssimo atenta sempre vi na Fátima Campos Ferreira alguém com uma história muito mais próxima de todos, para lá daquela imagem que nos mostrava. Esta semana foi nossa convidada na manhã. Vi uma Fátima com os olhos humedecidos do primeiro ao último minuto. Muito próxima de cada um de nós e tão descontraída que não raras vezes lhe chegava o sotaque do Norte que tanto adora. Vi uma Fátima muito menina nas recordações de outros tempos e altamente avassaladora quando falou da sua actividade profissional. Estranhamente crua quando revela que se fosse hoje talvez a televisão não tivesse sido a sua opção e vi uma Fátima emocionada ao recordar o amor dos pais de quem se despediu para sempre, com quinze dias de diferença. Fala das suas memória com tanto entusiasmo, que um dia vai ter que contar tudo em livro para que fique o legado para os netos dos seus netos. Diz que a profissão é dura e muitas vezes limita a vontade de fazer diferente e por isso está onde quer com um programa de sonho que assinalou no dia que nos visitou um ano. Para ela, fazer o ‘Primeira pessoa’ é um presente nesta altura da vida, depois de ter estado muitíssimos anos como maestrina de uma peça de teatro em directo como era o ‘Prós e contras’. Lembra que foi Júlia Pinheiro que lhe deu dicas para ‘enfrentar’ o público numa conversa de chá que tiveram antes de estrear. Fala de tudo sem nenhum problema nem grandes rendilhados, mas senti-a triste. Senti-a com saudades de qualquer coisa que não tive tempo de perceber… Sente-se uma mulher privilegiada pelos lugares que a profissão a levou e pelas pessoas que foi metendo na sua vida. É uma pessoa despachada, claramente uma mulher muito à frente do seu tempo porque nunca a condição de o ser lhe travou a vontade de fazer. Talvez gostasse de viver em Itália e talvez gostasse de recuar uns anos largos no tempo para que a sombra da saudade lhe desaparecesse dos olhos. A primeira vez que falei com ela largamente foi, há muitos anos, num jantar de verão no Algarve com a descontracção que nos permitem as noites de Verão. Esta semana era a mesma Fátima, próxima, sem rodeias e muito pouco preocupada em falar bonito para agradar… recordou os seus começos, recordou como aqui veio parar e fez questão de dizer a todos que a televisão de hoje é mais complicada que quando começou. É mais difícil de se fazer, mas mais verdadeira. Elogiou a Botelho Moniz porque se levantou da sua cadeira e lhe arranjou o microfone ´é desta televisão que se gosta e é desta televisão que se precisa’ disse Fátima, sentada na beira do sofá cor de rosa, animada, bem disposta, mas com o ar de saudade que seguramente lhe retiro muitas vezes também das fotografais que vai postando no seu facebook, para cumprir a vontade da mãe quando lhe pediu ‘conta-lhes quem somos. Dz-lhes quem somos!’ Orgulhosos devem estar os pais de saber que a Fátima não só conta, como explica cheia de vontade. E ali se passaram largos minutos entre risos, conversa e a emoção sempre presente quase que apostava que pela saudade… essa palavra bonita e complicada de gerir que ela tem esgravatado par que os netos de seus netos um dia saibam de onde vêm.

Blogs do Ano - Nomeado Entretenimento