… Recebi até agora centenas (não estou a exagerar) de mensagens a elogiar a Leonor, que hoje foi conhecer a Cristina e a sua casa. A Leonor foi hoje ao programa porque há uns dias me disse que queria muito conhecer o espaço e a Cristina. Estranhei. Nunca na vida em quase quinze anos me disse que queria conhecer fosse que fosse no meio, nem nunca mostrou particular interesse pelo lugar onde trabalho. Para ela, o pai trabalhar na televisão é uma coisa normal, porque cresceu com ela. O combinado é que iria ao programa, conhecer a casa e a Cristina. Foi isso que lhe disse. A conversa – que tanta gente está a elogiar – surgiu sem a preparar. Numa conversa normal da Cristina com uma menina que a queria conhecer e por quem tem curiosidade. A Leonor respondeu a tudo com a normalidade com que responderia em casa, com as bases que lhe foram passadas. Eu fico super orgulhoso de a ver falar assim e de ver as pessoas reagirem assim ao que ela disse e como se comportou. Mas esta é a minha filha. Foi assim que sempre a descrevi e, como podem ver, não exagerei nunca quando escrevi aqui que era abençoado pela sua maneira de ser. Porque a Leonor é aquilo que ali estava. Um pouco nervosa, mas isso é normal na idade e no contexto, mas não se esquivou a falar de nada ali, como não se esquiva a falar, a perguntar ou a responder em casa. Não há esses segredos, não há determinados pergaminhos que só minam a relação quando tem de ser sólida e madura. Sempre disse, e mantenho, que não sou o melhor amigo da minha filha. Sou o seu pai, tento ser o melhor que sei e sei também que não sou perfeito, que erro muitas vezes, que digo mais vezes ‘sim’ do que digo ‘não’, mas também sei que esta Leonor que tenho na vida é assim porque foi educada na base da verdade. Sem mentiras, nem rodeios que não levam a lado nenhum. E como os vossos olhos podem perceber, uma menina de quase quinze anos fala com naturalidade do natural que a vida é quando se quer que seja. A Leonor tem os seus defeitos, como eu tenho, ou cada um de nós, mas quando sou atingido diariamente com comentários feios, maldosos e muitas vezes injustos, lembro-me sempre que tenho em casa uma filha que me enche de orgulho, não pelo que vai ser na vida, que não faço ideia, mas pelo que é, pelo que conseguimos fazer com ela e pelo que ela se fez. Sou muito da opinião de que, apesar da mãe, das avós, das tias e dos mais chegados fazerem muito para que a ‘normalidade’ encaixe na rotina de todos, se o carácter dela não estiver definido, se não tiver bom fundo e não for uma menina de valores, isto não lhe adiantava nada. A minha filha é isto. Uma espécie de flor rara cujas palavras ‘preconceito’ ou ‘julgamento’ não entram no seu dicionário. É generosa, teimosa e faz as suas birras. Há que respeitar os silêncios, as escolhas, a idade e o tempo de cada um. Mas fico tão orgulho porque sei que mãe, tias, avós e amigos estão orgulhosos dela. A sorte é que ela vive rodeada de gente de pensamento igual, e é este ‘igual’ que é urgente que se estenda, porque só assim esta flor rara poderá passar a ser um jardim. Estava encantada com a experiência. No caminho de casa adormeceu o carro. Não sem antes dizer que estava de ‘coração cheio’. Porque esta ida à casa da Cristina foi mais que abrir aquela porta. Entretanto vai gozar as férias da Páscoa com as crises da idade, os tempos da idade, as ausências da idade e os pedidos da idade, que fazem os pais tremer. Porque a maturidade também é viver cada época na sua época. A nós, cabe-nos deixar que o faça. Somos a rede, não somos o bastão.
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