… A Maria. Conheço-a há muito tempo. Não sonhava, nem eu nem ela, trabalharmos um dia juntos, mas a verdade é que sem nos conhecermos já nos gostávamos. Depois, quis o destino que nos viéssemos a cruzar a sério em televisão e a coisa deu-se, Eu gosto de um lado de Maria que muita gente não conhece, ou pelo menos ainda não teve tempo de conhecer. Ela é pura. Tem a imagem de uma miúda bem disposta e distraída. É bem disposta mas não é tão distraída como as pessoas julgam. Ela quer fazer o seu trabalho, ser mãe e encontrar um amor que a faça feliz ou reencontrar o seu espaço num amor que já tem. A Maria é genuinamente boa pessoa. Daquelas que merece que lhe aconteçam coisas boas, porque não deseja mal a ninguém, não diz mal de ninguém e não gosta que se comente alguma coisa de alguém à sua frente e se foi num sentido depreciativo menos ainda. É uma miúda rara? Muito. É preciso valorizar o que temos de bom, quando a temos e ficamos com a noção de que vale a pena manter. É o que sinto com a Maria que me deixou muito feliz quando foi escolhida para fazer o Você na TV e me recebeu no programa quando cheguei à TVI. Falámos muito, muito, muito do que seria este caminho. Fiquei sempre na duvida se a Maria estava preparada para abraçar a tempo inteiro o day time com a ‘carga’ toda que ele tem. Acho que não! Acho que a paixão que tem pela televisão não é superior à sua vontade de continuar a viver feliz com os seus no seu canto. Televisão sim, e muita, mas em lugares que a façam feliz ‘se não for feliz não me vale a pena!‘ foi uma frase que me disse há muitos meses, logo quando em Março do ano passado foi para o Porto. Pensei muito naquilo. Pesa nas minhas escolhas o facto de ser de uma geração mais velha, de ter menos tempo e mais vontade. A Maria era feliz a ser Maria no ‘Porto Canal’, aceitou o desafio e o mundo abriu-se para o que ela sempre quis fazer. De repente estava no País inteiro com toda a gente a apontar-lhe o dedo para o bom e para o mau. Passou por maus bocados algumas vezes e foi feliz em tantas outras. Mas nas contas feitas da sua primeira parte da aventura o saldo vai mais para o negativo. Agora, que abraça a segunda fase desta aventura – porque eu acho mesmo que tudo é feito por fatias – a Maria está outra Maria. Até os olhos dela ficam maiores e já são grandes. O sorriso está ainda mais rasgado, e a verdade é que quando me contou que ia fazer entrevistas ‘com tempo’ no ‘Conta-me’ o fez quase a chorar de emoção. Eu fiquei muito feliz por ela, porque sei que esta é uma das suas vontades. Ter tempo para conversar em televisão. O luxo que todos os profissionais da área querem ter, mas que poucos podem ter. Eu percebi a sua alegria, que já a tinha sentido quando assinava entrevistas no ‘Você na TV’ no espaço ‘Gente com Norte’ e sou também testemunha do irritada que ficava quando tinha que cortar a palavra dos seus convidados e não podia mostrar tudo o que lhe tinham contado. Deus – ou o Universo – sabe o que faz e por isso mesmo o ‘Conta-lhe’ cai-lhe no colo e ele recebe-o de braços abertos. O que têm de bom as conversa feitas pela Maria? A transparência de querer ser espectadora das suas próprias entrevistas. O segredo? Eu acho que é o de querer ver respondidas pelos seus entrevistados as perguntas que ela gostava de escutar, se estivesse em casa no sofá a ver televisão… Gostei. Gosto das suas conversas. O que senti nesta fase com a Maria Cerqueira Gomes é que ela está feliz por se mostrar como é. Numa altura em que andamos todos de candeias às avessas pelo estado em que o mundo se mostra, é um privilégio olhar para o lado e ver gente feliz com o que faz nas escolhas que fez. A Maria está feliz. Ela contou-me, mas não era preciso. Percebe-se.
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