… ‘A minha filha dormiu pela primera vez sozinha no quarto dela! Boa!!!!! ‘ Estávamos a 5 de Junho de 2009 e foi um alerta de memória do Facebook. Achei graça porque agora, exactamente nove anos depois, a Leonor está a preparar o seu quarto novo na sua casa nova. A vida tem ciclos engraçados e coincidências curiosas como esta. Na altura, o quarto era na minha casa, a Leonor adorava dormir na minha cama e inventava mil situações para ficar mais e mais tempo. Queria muito ficar ali, demorou a adaptar-se à sua cama no seu quarto na casa do pai. Apesar de muitos psicólogos dizerem que o melhor é as crianças estarem sozinhas no seu quarto e cama desde pequeninas, eu sempre achei que não lhe faria mal o contrário. E não fez. Na altura certa, quando percebeu que se sentia segura e confortável foi ela, por iniciativa própria, que resolveu dormir na sua cama. Nós estávamos muito pouco tempo juntos, só aos fins-de-semana. Parecia-me absurdo não aproveitar estes momentos dela, estes caprichos. Sabia que o fazia porque queria estar mais perto e mais acompanhada. No Inverno porque está frio, no Verão porque as noites permitem estender-se para lá das horas… Não me arrependo nada. Aliás, se soubesse o que sei hoje, não tinha reclamado tanto das vezes que achei que estava na hora de ela dormir no seu quarto sozinha, Agora a Leonor tem o seu espaço, está crescida. Achei curiosa esta memória, porque quando me apareceu no telefone, tinha a Leonor acabado de me ligar a dizer ‘Pai, vou mandar-te uma fotografia, e vê o que tenho vestido!’. Era a sweat cinzenta que lhe dei há meses e não sabia dela: ‘Estava nas gavetas’. Jurava ela dias antes que eu a tinha algures em casa ‘perdida’. Descobriu agora, no meio da mudança! Somos muito parecidos na convicção de nos organizarmos antes do resto. Gosto desta sua praticidade. No quarto, onde começou a dormir sozinha em minha casa, nasceu agora um closet. Tudo muda. A vida tem destes ciclos engraçados. Há nove anos tinha dormido sozinha pela primeira vez. Nove anos depois, muda de casa e quarto. É só uma coincidência, mas a nossa história (também) é feita de história destas.
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