… A ti meu amor (Ou melhor, sobre ti!)

Por

… Sabes que nunca ninguém me captou como tu o fizeste, e talvez nunca ninguém me tenha entendido tanto como tu. Entender os silêncios, os barulhos, as vontades, os caprichos… Nao te sintas convencido nem me revires os olhos, mas quero que saibas que me palpitas dentro 24 horas por dia, mesmo que a tua cabeça desorganize os horários e me meta sabe Deus onde. Não sei se sabes, mas ficas a saber que o que sinto por ti tem mais força que as ondas do mar de que tanto gostas e onde vais buscar o que te falta tantas vezes. É a este mar, onde me tiraste esta fotografia, que vais buscar forças e recordar momentos. Nisso somos iguais, porque as memórias fazem-nos viajar tanto e tão bem que, quando fecho os olhos e respiro este cheiro de mar, consigo sentir-te o  cheiro de corpo moreno. Consigo ouvir-te a voz quando as ondas rebentam na areia. Quando olho para este céu, vejo uma nuvem e penso que pode ser a tua, porque acreditas que tens direito a uma para estares a olhar para o mundo com o eterno síndrome de Peter Pan. Às vezes gostava de te olhar de frente e dizer ‘Pára! Ainda vais sofrer mais que isso. Ainda te vão desiludir mais. As pessoas ainda te vão fazer pior…’, mas sei que não vais acreditar em mim. Tu não acreditas na maldade das pessoas. Achas que fazem todas o bem. E não fazem. Essa tua inocência estranha apaixonou-me e deixou-me com medo de te ver sem protecção contra um mundo que é tão diferente daquele que tu imaginas. Não sei o dia de amanhã, mas dure este nosso momento o tempo que durar, que seja precioso e que este meu estado de alma se mantenha contigo a desconversar, a desconstruir, a criar, a acreditar num mundo melhor, a falar uma língua que poucos entendem… O que me fez apaixonar por ti não foram os teus olhos ou as ‘mentiras’ quando elogias as minhas qualidades de chef, ao fazer massas que comes a custo. Não foi a tua habilidade para a bricolage, a paixão por pendurares lâmpadas em todo o lado e muito menos a capacidade que tens de nunca chegares na hora combinada. Talvez tenha sido a tua eterna idade da inocência. Que o mundo nunca te roube isso. Que as pessoas não te assaltem a alma. Na verdade, como disseste, ‘ amor não é complicado, complicados somos nós!’. Tem é que ser feito com amor. E de que é feito o amor? De coisas pequenas que se juntam, encaixam, fazem sentido de forma natural e ‘muito orgânica’, até que, juntos na mesma matéria, sejam uma só coisa que se transforma numa espécie de lençol que nos protege do bem e do mal e mesmo não nos protegendo nos dá essa sensação. A sensação de calor e conforto que só se encontra em casa. O amor mais não é do que ‘sentir-se em casa’ sem cerimónia. É perceber que o silêncio não atrapalha, que a descoberta de uma rua feita a quatro pés é estimulante, que conhecer um lugar, um país, descobrir uma aventura nos enche as medidas. Amar é estar ao lado, medir a febre, humedecer os lábios, amparar, sonhar juntos, realizar sonhos, levar a colher à boca, aconchegar a roupa da cama, ter ciúmes, gritar, brigar, dizer coisas da boca para fora com a mesma boca que engole de repente tudo o que disse para sorver um beijo e sentir a saliva quente a saber ao outro. Amar é perceber o que precisa o outro. O que sonha o outro. O que quer o outro. Amar é entender um estado de alma. É dar a entender um estado de alma. Se esse ‘estado de alma’ não tiver expectativas dentro dele não é amor, se não se perspectivar não é amor, se não fizer o coração bater mais rápido quando o outro começa a subir as escadas não é amor, se não nos suarem as mãos quando as dele nos tocam o pescoço não é amor, se não nos trouxer a serenidade quando encosta a cabeça no nosso colo não é amor, se não se sente o céu quando o corpo invade o outro não é amor. É outra outra coisa qualquer. Feliz Dia dos Namorados… meu amor!

 

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