… Parece um anúncio da Benetton?! (Somos só nós. São só eles!)

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… Estávamos em 2014. Parece que foi noutra vida. Só havia uma filha. Agora há mais duas e outro a caminho. Havia muita esperança e foi a primeira viagem nossa. Nunca mais os larguei porque não me esqueço que eles, naquele ano, não me largaram… Olhávamos todos na mesma Direcção. Hoje estamos na vida uns dos outros, mas estou convencido que em direções diferentes. A vida encaminha cada um para o seu lugar e, mesmo que geograficamente ocupem o mesmo espaço ou não, a rotina acaba por alicerçar novas visões de uma realidade onde cada um deixa de pertencer, para que outros entrem no espaço, dando mais sentido à vida num determinado momento, não tirando a importância que existia, nem apagando as memórias de um tempo que é bom. Aos 45 anos sinto sempre que há muita coisa que se poderia fazer outra vez, que se poderia ter dito qualquer coisa, que há um gesto que significa algo, que um olhar é mais que ver. Mas também percebo que os receios de um caminho podem ser complicados de ultrapassar porque, além da descoberta de amizades, são cumplicidades que se ganham e se perdem à velocidade de uma maldita rotina que hoje é tudo e amanhã deixa de ser. Olhando de repente para esta imagem, vejo diferenças tão radicais que sinto como se levasse um murro no peito ao perceber que tudo muda em tão pouco tempo. Só passaram 5 anos, e estamos outras pessoas e temos outras vidas, caraças! Temos feito um esforço – é preciso que se diga – para que as mudanças não nos afastem para longe, nos permitam estar perto e aos gritos de vez em quando, para jantares onde se fala de tudo sem que ninguém se entenda e em momentos que guardamos em polaroid que eu amo e eles acharão ‘exagero’. As pessoas crescem, e por estranho que pareça, à medida que vão crescendo, vai ficando uma maior necessidade de serem crianças, refugiadas de vez em quando em recordações que dividem com as pessoas com quem foram felizes em algum momento das suas vidas. Talvez seja este o entendimento desta fotografia. Gente que cresceu muito em cinco anos, que deu muitas cabeçadas, que chorou, que soltou gargalhadas, que viveu experiências novas, que arriscou, que foi mais longe, que deu passos maiores que a perna, que tomou decisões erradas e acertadas… não importa questionar isso.  Importa que os deram, cada um à sua maneira. Que bom chegar a um lugar percebendo que fomos pelo próprio pé mesmo que amparados, de vez em quando, apenas por um sinal qualquer. Na lógica do elogio, que prometi praticar no Blog este ano, hoje rendo uma espécie de homenagem a este ninho de gente que guardei no meu canto. Dos poucos que me conhecem por dentro, daqueles que entendem que eu não gosto de falar de manhã, que eu gosto de chorar sozinho, dos que sabem que preciso de mimo e colo mesmo quando faço cara de mau, dos que conhecem as minhas inseguranças, os que ampararam as minhas decisões, os que sabem que não tenho toalha de mesa em casa, nem quero ninguém com sapatos no tapete da sala. Os que me dizem que não, mesmo quando acho que devia ser sim, os que perdem eternidades a tirar uma fotografia que fica quase sempre pior que a anterior, que o João nunca publica e onde a Joana ocupa metade do ecrã com o cabelo, onde a Sandra quer que se mantenha a ordem que nem faz sentido, onde a Ana Sofia estraga candeeiros porque se acha mal iluminada, onde a Mateus consegue superar-se em más expressões e onde, regra geral, apareço desfocado.  Gosto deles porque sim, são todos diferentes, tão radicalmente diferentes entre eles e de mim que me apaixonam. Os amigos são feitos disto, não é? Pedaços de massa humana capaz de se entregar a momentos da vida dos outros, deixando um espaço quentinho e aconchegado, que arrefece na prolongada ausência. Por culpa das escolhas da vida, das rotinas e do relógio, de vez em quando o espaço fica arrefecido, mas cabe a cada um de nós permanecer no ninho do outro para que não apareçam razões de queixa nem baixas de temperatura.  Acredito que um arrefecimento não é necessariamente mau. São as dores de um crescimento saudável. Um dia isto repete-se. Não sei como nem quando… mas sei que sim. E aqui, juro!

 

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Se quiserem recordar, foi  este post que escrevi quando fomos a Londres em 2014

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