… O que mais gosto nas pessoas é o carácter. É a força de mostrar o que são de verdade, independentemente se aquilo que lhes aparece à frente é favorável ou não, ao que eles querem que os outros pensem a seu respeito. Eu conheço muita Gente com carácter, graças a Deus. Mas também me tenho cruzado com algum tipo de gente que não sabe o que é. Não podemos ser todos iguais e temos todos noções diferentes do que são os valores de verdade. Gosto menos ainda quando as pessoas vivem disfarçadas, quando têm um carácter que exibem quando lhes é conveniente, apregoado a todos os ventos, mas revelando a falta dele no momento em que precisam mostrar de verdade de que massa são feitas. Isso quase me enoja. Muitas vezes – para não dizer a maioria das vezes – as minha maneira de ver a vida, as situações, o mundo, não tem nada a ver com a forma como as pessoas que escolhi para o meu espaço de afectos vêem. Não é isso que me afasta delas ou me faz com que lhes tire o colo, o ombro ou o gesto de que precisam. O que me afasta das pessoas é perceber os gestos sub–reptícios no carácter. Batem no peito, lutam, pregam com muita força uma verdade absoluta que fica bem na fotografia, no texto, na legenda, na sala, na mesa do jantar, mas na prática rastejam como ratos na altura de tomar posição, porque têm medo. Não têm carácter. Revelam nesta altura que valem pouco, que não merecem que se lhes reconheça o que dizem, escrevem, legendam ou apregoam. Porque uma tomada de posição na altura certa é, na minha opinião, a mais clara forma de se perceber o carácter de uma pessoa. Mas isto sou eu, que, mesmo vivendo mil anos, não viro a cara quando sinto que tenho que mostrar posição, fazer o gesto, dar colo, estender a mão. Não preciso apregoar, escrever, legendar. Faço-o. Simplesmente faço! Não fico à espera que me digam para fazer ou sossegado a ver se muitos fazem, porque tenho medo de o fazer sozinho. Faço porque me apetece. Durmo mais descansado assim. Foi só um desabafo!
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