No primeiro dia do ano consegui levar-te à praia. Foi na praia que estive há exactamente um ano, mas sozinho. Eu e os meus pensamentos. Pedi desejos, desejei realizar sonhos em 2006 e a verdade é que muitos deles se realizaram, tive-te nos meus braços a determinada altura do ano, como pedi ao mar o ano passado…. Isso agora não interessa.
O que importa agora, é que hoje te levei a ver o mar. O mesmo mar que já testemunhou tantas coisas minhas num silêncio onde apenas ele me entende. Acho que hoje a calma do mar, era sinal de que estava contente com a fotografia que tirou quando nos viu sentados no paredrão. O mar é sábio. Tem as suas razões quando por vezes se revolta. Tu dizes que não tens um lugar quando estás triste. Que preferes andar pela rua sem destino, eu gosto de falar com as ondas. Hoje voltei a fazê-lo em silêncio, pedi por mim para o renovado ano e pedi por ti, mas pedi também pelos dois, porque o destino prega-nos partidas e eu tenho medo que daqui a um ano, o mar tire outra fotografia e que as ruas da cidade te vejam a passear sem mim.
No primeiro dia do ano, consegui levar-te à praia. O que eu peço ao mar salgado, é que não me faça chorar como este ano, porque o sal das minhas lágrimas não é tão apreciado como o sal das ondas dele. Vamos juntos, tentar fotografar novamente daqui a um ano no mesmo lugar? Tal como as águas revoltas do mar, também a vida nos vai preparar ondas complicadas este 2007. Mas se remarmos juntos contra a maré, talvez se consiga chegar ao paredão daqui a um ano, e mais um, e outro, e outro, e mais uns quantos… até que o paredão fique longe e cada vez mais distante, porque o peso da idade nos arrasta na areia, mas que a velocidade dos sonhos e a força de os realizar, me faça sempre conseguir levar-te à praia, falar sobre a gaiola de sonhos e olhar para uma manta verde que vai lá ficar à nossa espera, presa nas rochas até que Néptuno queira.
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