… Não só só 100 metros! (É uma ato de amor imenso)

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… Somos muito convencidos! Temos guardada connosco a certeza de que, mesmo que não sejamos eternos, o mal só bate na porta do lado. Muitos de nós achamo-nos acima de qualquer coisa que aconteça aos outros e temos a arrogância de achar que controlamos isto. A vida e o nosso corpo. Meu Deus, que estupidez tão grande! Ontem fui jantar fora. Estava frio e chuva e antes de voltar para casa olhei para o relógio e pareceu-me cedo. Meti-me numa sala de cinema e escolhi ver ‘100 Metros’, um filme espanhol do maravilhoso Marcel Barrena. A história é verdadeira. Sentei-me e deixei-me levar. Foi um murro no estômago a partir da primeira cena. O protagonista vive uma história de amor feliz, numa realidade de classe média espanhola. Tem uma péssima relação com o sogro e acha que o pior que lhe pode acontecer é ter de dividir a sua casa com o pai da filha porque a dele está em obras… o pior está por vir. Um dia não consegue dar o nó nos cordões dos sapatos. A partir daqui tudo muda. Diagnosticam-lhe esclerose múltipla. A negação, a revolta, a solidariedade, a certeza, a quase desistência, a profunda admiração da mulher e o amor dos dois fazem-no não desistir. Agarra-se a uma ideia maravilhosa e… ‘100 metros’ serve, acima de tudo, para que nós, que andamos ao murro a toda a gente e a reclamar com o tempo, ou porque não temos a casa aspirada, passemos a relativizar e, de uma vez por todas, a valorizar o que temos, que é tão bom. Tão bom! Conseguimos olhar ao espelho, fazer xixi, atar os cordões, descer o fecho das calças, levantar, sentar, pentear o cabelo, escovar os dentes, descascar uma laranja, abrir uma janela, sair à rua e, em cima das nossas pernas, estarmos equilibrados a sentir o que nos é mostrado até onde a vista alcança. A mulher, ao seu lado, com um filho e grávida de outro, não desiste nunca. Teve vontade? Claro que sim. Não foi fácil? Claro que não! O amor é isto. O amor também é isto. Os dois juntos seriam mais fortes. Foi-lhe diagnosticada uma doença a ele, que ela rapidamente resgatou para um ‘nós’. Assim ficou mais fácil, por muito difícil que fosse. Que seja. O filme é para ver, sentir e aprender. Volto a dizer que é uma história real, recente e vão dar-se conta disto ao longo do filme. Não desistir nunca é uma certeza. Mesmo que ‘com um pé na terra, outro no abismo’. Cheguei a casa muito tarde. Mas valeu a pena. Avassalador!

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