… Quando se diz a frase ‘Há um português em todos os lugares do mundo’ não estamos a exagerar. Tenho noção disso cada vez que viajo e, sendo uma pessoa conhecida, é mais fácil comprovar porque falam comigo. Não falo dos turistas, falo dos que lá estão a trabalhar. Dos que declararam insatisfação com o que Portugal lhes oferecia e foram procurar melhor para o futuro. Nestes dias em que estive em Londres, todos os dias alguém que ali está a trabalhar veio falar comigo. Gente dos restaurantes, dos cafés de rua, do hotel onde fiquei e até no mercado de Camden Town… Cada um com a sua história e o que mais me emocionava não era perceber que me falavam da televisão ou coisa que o valha. O que os satisfazia era ver alguém do mesmo lugar que eles a falar a mesma língua… ‘Tão bom ter um português aqui no meu café!’, disse-me a Paula, que tem uma pastelaria em plena Oxford Street. A Paula é apenas um nome que nos faz pensar que somos pouco gratos quando nos queixamos do tempo e de não ter tempo ou ter a mais… A Paula não vê a família há três anos, voltará a Portugal daqui a meses, mas já lá está há quinze. Gente feita de coragem, que deixa a nossa história para ajudar a fazer a história de outro País, que mesmo que muitas vezes não os receba bem, dá-lhes a certeza de um futuro melhor. Pelo menos alimenta-lhes a esperança: ‘em Portugal não tinha saída’. Ouvir isto da boca de quem está longe do colo dos seus serve-nos de lição para perceber o fracos que somos quando nos aborrecemos porque o despertador toca às sete da manhã para trabalharmos no que gostamos, no nosso País, aos pé dos nossos e a falar a nossa língua. Isto é apenas um desabafo. E se por acaso alguém que está fora sente frio de não ter com quem desabafar, registe que hoje me lembrei de vocês! Era isto!
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