… Sempre achei que aos homens era muito mais difícil falar de amor que às mulheres. A sério que achei! E ainda acho. Mas depois fico agradavelmente surpreendido de vez em quando com coisas que acontecem quando não estamos à espera. Cristina Ferreira entrevista Pedro Teixeira e eu penso, ‘mais uma conversa entre amigos. Mais do mesmo!’. Não foi. Não foi mesmo… Li a entrevista sentado no carro, que estacionei de propósito rapidamente, porque quando a abri num semáforo fiquei colado a ela. Não me apetecia esperar chegar a casa para a ler toda. No primeiro buraco que encontrei estacionei e devorei a entrevista. A conversa (porque existem diferenças entre uma coisa e outra). Pedro fala de amor com tanto amor, que quando dei por mim tinha os olhos cheios de lágrimas, pela sensação que me foi passando nas frases que foi dizendo. Não há nada que mais me emocione que ver um homem falar sem travões de amor. O amor em todas as frentes. Que homem maduro, que rapaz crescido, que pai atento, preocupado, que li neste Pedro Teixeira que acabei de descobrir. Falou do amor à filha Maria, e confesso que me revi na sua história de pai, porque o que mais nos custa é não estar sempre, é irmos de vez em quando percebendo coisas que elas fazem e que nos escaparam. Não é por querer, é porque a vida é assim. A vidas faz-nos assim. Senti tanto amor nas palavras do Pedro, senti-o tão pai. Depois, falou de Cláudia, a mãe da sua filha e a sua namorada durante anos. Falou com o amor imenso do respeito que lhe tem a ela e à história que viveram. Não fugiu a nenhuma pergunta. O que não respondeu, deixou claro que era para proteger a intimidade da Cláudia. Confessou que se apaixonou por outra pessoa e por isso saiu de casa. Para ele (e ainda bem) não era justo ficar em casa, fingir que nada estava a acontecer. Saiu, ficou sozinho, foi descobrir o que sentia. Claro que há sempre pessoas magoadas numa decisão destas. Óbvio que sim. Não pede desculpas a Cláudia, porque não sente ter feito nada de mal e muito menos com a maldade que tantas pessoas viram no assunto. As pessoas (nós) vimos de fora. E de fora tudo é tão fácil, não é? Para Pedro, Cláudia é uma mãe cheia de qualidades e uma mulher que ficará para sempre colada à sua vida. Depois fala da Sara, a sua namorada de hoje, a sua paixão de agora. Falou cautelosamente, talvez porque saiba que a exposição que viveu com Cláudia não ajudou nada na hora da decisão e acabaria por magoar os dois. Sara é a mulher por quem abdicou da ‘melhor vida do mundo, da família mais linda do mundo, e dos dias mais maravilhosos’. Abdicou por amor. O amor não se escolhe, não avisa quando chega. Vai chegando e, quando damos por ele, instalou-se em silêncio e temos duas opções. Ou sofremos porque não o aceitamos, ou sofremos depois de o aceitar viver. Pedro escolheu viver o amor com Sara, sofrendo as consequências de tudo o resto. Gesto bonito, visto agora e pelo seu lado. Depois de ler a entrevista, pensei que talvez tenha sido injusto uma ou outra vez com o Pedro. Não muitas, porque sempre avaliei o caso deles com muito carinho, porque tenho um carinho muito grande à Cláudia e sempre percebi que o que se estava a fazer à volta era muito mais do que realmente estava a acontecer. Hoje, passados estes anos, Pedro conversa calmamente com Cristina e esclarece tudo de forma tão tranquila. É um gesto de amor. Eu acredito que sim. Fiquei muito orgulhoso! Não sei explicar porquê, mas vê-lo falar de amor com o coração à flor da pele, revelando a verdade que carregou em silêncio este tempo todos, desarmou-me e fez-me acreditar que talvez tenha escolhido o melhor. Amanhã? Amanhã logo se vê. O amor é hoje. Obrigado!
Foto: DailyCristina
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