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Seja feita à nossa vontade!
Vamos morrer os dois juntos. Juntinhos com os corpos frios que contrastam com o tão quentes que estão agora e sempre. Como estiveram ontém, o outro dia e hoje. Vamos ser enterrados juntos, numa mistura de corpos numa mesma cor profundamente pálida que contrasta com a alegria das cores que vivemos todos os dias da nossa vida. Por cima de nós, temos agora coroas de flores roxas que deixam o cheiro próprio das alfazemas. Vou ter que levar com este cheiro para toda a eternidade? Logo eu, que como sabes detesto cheiros. A vida toda gostei apenas de sentir o teu cheiro. O do teu corpo, que agora está com cheiro a escuro, mas de onde transpirava vida, misturada com suor salgado que tantas vezes me temperou os dias. Agora estamos a olhar para cima, e vimos apenas a janela de vidro do caixão de mogno escuro, houve tempos bonitos onde olhavamos para cima e viamos apenas e só sonhos e projectos em cada estrela que nos aprecia à frente. Agora acho que temos o desejo de ficar aqui para sempre, mas o outro dia tinhamos o desejo comum de nos devorarmos entre corpos. Aqui esperamos apenas que a eternidade nos leve e nos devolva depois em outros corpos e em outra vida. Pode ser uma vida mais feliz, mas nunca tão bem disposta como esta e tão intensamente conseguida. Agora, e na hora da nossa morte, é preciso descer à terra. Seja feita à nossa vontade, e não à vossa, cabrões de merda!
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