O sonho estava lá. Fresco. Lindo e cheio de sonhos… já pararam para pensar que um sonho se pode dar ao luxo de sonhar? A vida fez questão de complicar os desejos mais esperados deste sonho. Ele, teimoso foi em frente, completamente alienado de uma realidade que não parecia a sua, mas que é. Que foi! Hoje o sonho está ali ao fundo. Consigo vê-lo daqui. Dança desalmadamente em cima de uma coluna ao som de uma batida que antes não o deixava dormir. Uma garrafa de água na mão empurra uma pastilha azul clara. Talvez não seja um sonho, pela figura que faz é mais um pesadelo! Desce da coluna e continua a exibir-se nas nuvéns, convencido que o céu está parado a olhar para ele e para o que faz. Tem o umbigo à mostra e o peito descoberto. Mexe no cabelo, porque é a maneira que tem de dar nas vistas, já que aqui com o barulho alto das batidas não consegue falar alto. Quer dizer, conseguir consegue, só que niguém o ouve. Aliás, quase nunca ninguém o ouve, ele ouve-se a si próprio, porque gosta de se ouvir. Há sonhos assim, acham-se a realidade soberana dos outros que não escutam, mas que fazem questão de os fazer escutar. Gosto de sonhar. Gosto de sonhos…. madrugada fora, já na rua, o corpo mistura a humidade do clima com a da sua transpiração. Cabelo molhado, gotas que se conseguem destacar nos seus braços. Ali numa esquina qualquer realiza-se o desejo de realizar o sonho. Não sei se foi com isto que sonhei, mas sei que o sonho pensou a noite toda que era o meu sonho e por isso se achou o máximo… Estava enganado!
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