… A ti minha amiga Jô (quero os teus olhos com esperança)

Por

… A maioria de quem te conhece o nome não te conhece o olhar. O olhar que eu conheço há muitos anos e que me merece uma ternura imensa e um carinho muito maior que a luta desigual que travas agora com o cancro, que te ocupou o corpo sem te pedir licença e te baralhou as voltas da vida. A maioria das pessoas não sabe que tu és das pessoas mais generosas com quem se pode cruzar. Amiga, honesta, verdadeira e positiva. Talvez tenha sido dos primeiros a amparar as tuas lágrimas silenciosas e escondidas, porque não gostas de as mostrar. És forte, mas precisas de mimo, amparo, um colo. Tens no Álvaro o amor da tua vida, quer dizer, na verdade tens nele a tua vida toda. Sofres com o sofrimento dele e sofres com medo da possibilidade de o fazeres sofrer. Não fazes! Tranquila que não fazes. Deste-lhe sempre a juventude e a traquinice que precisamos para acordar felizes. Tens um marido que é mais que um amor. Tu sabes que ele é uma jóia, mas tu não és menos. Não sintas isso! Talvez sejas mais. Porque a tua transparência chega a ser desconcertante perante este mundo de faz de conta que muitos frequentam. Trocas as letras, baralhas as datas, confundes os lugares, os tempos dos verbos, mas o que é isso, perante o teu sorriso rasgado e esse teu coração tão puro que parece transportar a inocência de uma criança? É por te saber generosa e muito boa pessoa que te recebemos (Eu e a Júlia) no programa da manhã, cheios de orgulho e ansiosos pelo teu testemunho. Um testemunho grande, enorme, gigante,  sereno, positivo. Dizes, entre sorrisos tímidos, que o cancro se espalhou a mais dois lugares do teu corpo, afirmas isto sem quase parares para respirar e tentas fazer uma graça para lhe tirar importância. Estás magoada. Estás dorida dos tratamentos e um bocadinho aborrecida com a vida que te pregou esta partida. Querida amiga, o afecto nunca é demais, por isso o que te digo em privado torno aqui público, porque sei que vais gostar de te sentir mimada.  Não devemos ter vergonha de o fazer. Eu tenho muito orgulho de te ter no meu mundo de gente favorita. Não me importo que troques letras, tempos verbais, que confundas lugares, gentes ou não gostes às vezes da minha roupa. Importa-me que sejas autêntica e desejo que nada te tire isso. Notei-te os olhos tristes. Não os quero assim. Quero-os com a esperança que vi em tua casa, quando te fui entrevistar, e onde resolveste contar ao mundo o que se passava. Quero ver os olhos sublinhados de cor, como escuto a esperança que carrega a voz que te sai da boca. É isso que quero, porque mereces muitas coisas boas em muitos anos felizes, ao lado do teu Álvaro. Sabes que o que te digo é verdade. Sei que muitas vezes adormeceste triste por conta da forma como algumas pessoas te olhavam, mas também sei que agora te olham com os olhos de respeito por quem aceitou com coragem uma luta agressiva sem fazer rodeios e partilhou com o mundo, para que o mundo entenda que ter cancro não é motivo para se esconder em casa. O teu exemplo ajuda muita gente. Eu quero ver-te feliz e curada. A ti, querida amiga, e a todas as pessoas que travam esta horrorosa batalha. Sempre que damos voz a uma história estamos a dar voz a todas. Podem ter a certeza. Não me perguntes porque te dedico este texto. Não tenho resposta. Apenas me apetece fazê-lo, da mesma maneira que te apeteceu surpreender-me com uma festa no dia dos meus anos, quando devíamos festejar os do teu amado marido. Um beijo querida amiga. Meu e de todos os que te receberam. Nenhum te ficou indiferente. Que boa energia tens, meu amor!

 

 

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