… Estava a precisar. Na verdade, mudou muita coisa em muito pouco tempo e era urgente desligar umas horas. Desligar mesmo. Sair do meu espaço natural faz-me bem, porque vejo tudo numa outra perspectiva e a perspectiva que vi no areal, a esta distância, é uma coisa boa. É uma altura boa em vários os pontos de vista. As pessoas que quero estão dentro do meu quadrado emocional, o trabalho realiza-me e a descoberta de uma variedade profissional estimula-me constantemente. Eu sou dos que gosta sempre de acordar para um desafio diferente. Por isso, aqui onde escrevo isto, sinto-me feliz. Foi preciso vir porque estava cansado, não tinha parado ainda desde o ano passado e passei de um programa para o outro. Mudei registo, rotinas, costumes. Depois da adrenalina do começo, chega a ressaca que nos pede calma, e nos reclama o encaixe em novas rotinas para encontrarmos o eixo. O que me vai na alma neste momento está demasiado confuso para o expor assim em linhas. Não posso fazê-lo agora porque tenho receio de me exceder, porque eu sou dos que escreve com a alma na ponta dos dedos e muitas vezes isso não é bom. Pode ser mal interpretado, por excesso ou por falta. Mas souberam-me bem estes dias longe, para perceber a importância de estar perto. Soube-me bem estar longe com os olhos fixos a tentar encontrar os sinais e as linhas das muitas perguntas e respostas que vamos dando uns aos outros à medida que o tempo avança, mas também gostaria que soubessem, sem medo do que possam ler naquilo que as linhas dizem com o coração na ponta dos dedos, que me sabem bem as respostas e me sabem bem as dúvidas, porque as dúvidas quase sempre trazem as respostas. Depois, é encaixar tudo no lugar certo, na medida certa e no momento certo. Estar longe do mundo também nos ajuda a perceber as escolhas e a importância delas. Este retrato está metido naquilo que são as coisas boas que me têm acontecido. Não gosto do ditado que diz ‘Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe…’ Não acredito nele e por isso digo que não escrevo aqui tudo o que sinto, porque tenho medo de me exceder ou ficar em falta com alguma coisa. Tenho o coração na ponta dos dedos. O coração, quando é verdadeiro, pode tornar-se perigoso numa pessoa como eu, que mistura razão com emoção e por isso é fácil pisar o risco. Sou assim em tudo, no trabalho e nos afectos. Por ter depositado todo o coração nesta fase da minha vida, esta fotografia, captada nas férias, revela serenidade. Faz sentido. Um dia, li algures, ‘Felicidade é fechar os olhos tranquilamente vigiados por quem nos vela o sono’. Pode ser que sim!
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