… O Marco Horácio não é meu amigo íntimo. Não sou sequer o maior apreciador da sua arte, mas sou muito apreciador do seu carácter. Não há como não apreciar alguém que se despe como o Marco se despiu no Alta Definição. Não porque se emocionou ou porque contou que teve dificuldades. Não porque disse, nove anos depois, que gosta do ‘Cláudio Ramos’. Não é por aí. Juro que não! O que me seduz no carácter do Marco é a sua integridade como pai e a sua maneira de ver a vida sempre em ‘horário nobre’. Parece uma coisa simples, mas não é. É complicado gerir o mundo como o conhecemos e as expectativas que nos traz com ele. O Marco abdicou de tudo por um sonho em que acreditou. Há coisa melhor e mais enriquecedora que sair da zona de conforto e acreditar nos sonhos, avaliando os riscos que tem, correndo esses riscos, e mesmo assim querer ir? Não acho que exista. Mesmo. Não sei se teria tanta coragem assim. Acho que não tinha! E o que levou o Marco a passar por dificuldades financeiras sérias, que acabaram também por emocionalmente o abalarem, foi o facto de ter depositado tudo num sonho em que acreditou. Eu gosto disso! Se o Marco podia não fazer isto? Claro que podia. Mas as pessoas corajosas de verdade não são as que enfrentam um touro numa tourada, se atiram de uma ponte com água cá em baixo ou que se acham super pessoas por dizerem disparates protegidos com as costas quentes. As pessoas corajosas são as que são feitas da massa que fez com que o Marco não só não tenha desistido do seu sonho, como o levou em frente, prejudicando a sua vida em benefício da vida de mais de quarenta pessoas. Feitas as contas é isto. Faço a pergunta: quantas pessoas optariam por passar mal ‘apenas’ para não faltarem com a palavra ou verdade à sua equipa? Muito poucas! Eu sei que muito poucas o fariam. Nós sabemos que muito poucas o fariam. O Marco fez, e não será caso único, obviamente, mas é caso raro. Isso temos todos a certeza e é isso que o engrandece. Eu penso desta maneira. Serei atacado e criticado, mas eu penso assim e é isto que me fica, porque isto foi o detonador para tudo o resto. Não se esqueçam disso! Falando agora de mim – já o disse em televisão – chorei quando recebi o vídeo com o pedaço em que o Marco falou de mim. Não por ‘simplesmente’ ter falado. Mas pelo que disse. Passaram nove anos desde a sua primeira observação e, entretanto, passaram-se coisas menos bonitas que foram feitas e ditas de parte a parte. Mas, antes deste Alta Definição, já eu e o Marco tínhamos o ‘machado de guerra’ enterrado há tempos. Somos pais, amadurecemos, relativizámos. Por isso, para eu pensar o que penso dele hoje, não era preciso ter ouvido o que ouvi. Não era preciso o Marco ter dito publicamente o que disse, até porque sei que o actor será tão criticado por me ter elogiado agora como na altura (há nove anos) recebeu aplausos por publicamente ter dito o contrário. Hoje, ele borrifou-se e fez o que lhe ia na alma. Isso emocionou-me. Eu emocionei-me. Fez-me bem à alma e ao ego. E – devo confessar- soube-me muito bem a minha filha ter visto e ouvido, agora, aquele pedaço de conversa. E isto é uma coisa que só os pais entendem. Juro que fez. Obrigado, Marco! Muito obrigado!
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