… O Zé como ele é (Ou talvez não!)

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… Conheço o Zé Castelo Branco há muitos anos. Há tantos, que não precisava desta entrevista publicada para o perceber para lá do que as pessoas acham dele. Talvez por isso seja dos poucos que levanta a voz publicamente para tentar justificar algumas das suas atitudes mediáticas. Umas serão geniais, outras são verdadeiros disparates, mas o ‘jogo’ funciona assim e, verdade seja dita, não faz o Zé mais disparates que fazem outros que têm as costas mais protegidas e amigos melhor colocados. O Zé, que diz que nasceu com uma estrela, acho que nasceu com um sentido de oportunidade que aproveitou sempre a favor daquilo que queria para si. Eu não tenho nenhuma razão de queixa dele, que, comigo, profissionalmente sempre se portou de forma exemplar. Nunca falhou, foi sempre generoso e sempre que foi preciso esteve lá. Mas eu conheço pessoas de perto que não. Que reclamam do seu trato, que se decepcionaram com ele, que por qualquer razão viraram costas. Eu não sou desses. Eu sou dos que o conhece bem e, talvez por isso, tenha relativizado sempre muito as coisas e tenho tido a capacidade de o ir conhecendo. O Zé mais não fez que dançar a dança à medida que a música ia tocando e, sempre que pisou os pés de alguém, a factura acabou por chegar e foi paga, muitas vezes, com juros. Esta conversa que teve com Cristina para a revista tem, como anuncia a capa, o objectivo de nos fazer olhar para lá do preconceito. O difícil é isto. É alguém olhar para o Zé, para lá do que se conhece dele. Óbvio que as pessoas não vão mudar de repente a ideia que têm do Zé, mas podem ler a entrevista e levar o exemplo dele para uma qualquer realidade paralela que  tenham ou conheçam. Digo isto porque sei que é difícil ler o Zé sem o ouvir. Sem sentir o seu tom altivo em algumas frases e o exagero dramático noutras, mas ele é assim.  Mesmo que se vista de homem, tire os saltos,  meta nos pés uns sapatos de atacadores masculinos e atenue a maquilhagem, o Zé é o Zé, com uma história de vida para contar, que o devia orgulhar. Parte da história poderá ser um exagero, alguns episódios poderão ser demasiado floridos, outros menos do que deveriam ser. Mas a história do Zé é uma história forte. Da conversa, fica-me uma coisa que há muito tempo defendo sobre ele, porque o acho um cuidador. Isto para mim é o mais importante e é preciso saber-se. Por muitos defeitos, por muito exagerado que seja, por muita vontade que tenha de ficar na história como uma diva na eternidade, muitas vezes à custa de coisas absurdas, Zé Castelo Branco assumiu para ele o papel de tornar a vida de Betty numa coisa mais leve, mais animada e mais feliz. E Betty é mais feliz desde que está com o Zé, não o digo porque o escutei dizer isto. Digo-o porque senti a Betty sempre feliz ao lado do Zé. Feliz e divertida. É isto que se quer para alguém que temos ao nosso lado… Não me importa entrar aqui pela parte sexual da vida de um e de outro. Há coisas em que acredito, outras em que não. Mas acredito muito na história de amor dos dois. Acredito mesmo! No amor. No amor entre os dois. Claro que o Zé tem ao lado de Betty uma vida mais confortável do que jamais teria na sua realidade, mas Zé tem também um trabalho imenso. Haverá gente que acha que não, mas eu sou dos que acha que sim. Zé correu o País de Norte a Sul para amealhar algum dinheiro nos tempos áureos da sua mediatização. Ele disse-me na altura ‘Preciso trabalhar para levar isto em frente‘. O Zé sonha ser uma estrela e, à sua medida e à nossa escala, é. Podia ser mais, se fosse mais cauteloso, se tivesse mais atenção ao mundo que o rodeia, se Portugal o tivesse entendido e se ele se tivesse sabido explicar. Não acho que ele seja um santo – que não é – mas não é tão mau como muitos pintam. Esta capa revela o que as pessoas querem ver. As pessoas, muitas vezes, por muitas verdades que se digam e vivam, ficam só com o que lhes interessa. Neste caso é o que vai acontecer. Numa entrevista forte, longa e cheia da verdade do Zé, o mundo ficará com o que quer ficar. Não sei, de verdade, se Cristina conseguiu mostrar o Zé que a maioria não conhece, mas se não conseguiu é por culpa dele, que de estar tão acostumado a ser desta maneira, quase se esquece da sua verdadeira maneira de ser. Esta maneira não é má. É a sua maneira! O que eu gostava é que olhássemos para esta conversa, para estas capas, e pensássemos que, na verdade, todos temos dois lados (às vezes mais) e que antes de avaliarmos seriamente, o bom era parar um momento e tentar fazê-lo sem o preconceito que está colado na pele de cada um. Todos somos um pouco de preconceito. Não vale a pena dizer, levantar o dedo e dizer que não. Somos todos. Uns de uma coisa outros de outra. Ao trabalho diário de lutar contra isso chama-se crescimento. Eu aprendi na pele o que é viver colado a um preconceito e posso dizer-vos é uma coisa lixada. Muitas vezes o melhor é usar a máscara, porque assim nos magoamos menos e defraudamos menos gente. Há muitas pessoas que preferem ficar com o papel de embrulho, preocupam-se pouco em perceber o que está dentro da caixa.  Talvez a pouco e pouco, com tanta máscara, nos afastemos mais da nossa essência que um dia quando, chamados à razão, andamos ‘às aranhas’ a tentar perceber onde está. É como se a alma estivesse cada vez mais longe do corpo. Alma e corpo em lugares diferentes, com um a observar o outro. Confesso que muitas vezes me senti um papel de embrulho. O que a Cristina fez aqui foi mostrar o que está dentro da ‘caixa’ do Zé.  Quando olharem para esta capa, antes de franzirem a testa, revirarem os olhos ou comentarem ‘Como é possível?!’, tentem perceber a razão por que foi feita. Evitem olhar para ela (capa) com preconceito e olhem  para ele (Zé) sem o julgar. Não temos de ‘tolerar’ a diferença. Temos de viver com ela, e isso serve para ambos os lados, porque a diferença também tem de saber viver com aquilo a que muitos chamam ‘normalidade’. Vamos fazer este exercício, nem que seja porque está aí o Natal. A vida do Zé continuará depois desta entrevista. A nossa também. Era bom que o alerta feito servisse pelo menos para pensar. Se não for durante muito tempo, que seja só quando se olha para a capa. Acredito que quem a imaginou já considera isso uma vitória. Digo eu!

 

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