… O momento ‘deles’

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… Não é só cá em casa. Deve ser em todas as casas onde exista um adolescente. Chegou. Deixou tudo no chão, mochila, sacos, casacos e enfiou-se no sofá agarrada ao ‘melhor amigo’ nas horas vagas. O telemóvel. As redes sociais. Os vídeos. As conversas e tudo o que existe dentro do aparelho que segura como se fosse uma extensão do seu braço. Não é caso raro. Nós, adultos, sem nos darmos conta fazemos muitas vezes o mesmo mas apressamo-nos na critica feroz a quem o faz. Ela está na idade. Não posso dizer que acho muita graça vê-la ali, sossegada e atenta ao que ali se passa, mas também sei que não lhe posso pedir mais. Tem excelentes notas, sabe o que fazer e nunca se dedica ao telefone se tem coisas mais importantes a que dar atenção. Irrita-me que a mande desligar, uma, duas e três vezes e uma duas e três vezes me diga ‘Já desligo‘… Digo-lhe para desligar por descargo de consciência. Eu sei que ela só o vai fazer quando achar que deve ou no tempo lhe decidir que já chega, que existe outro mundo melhor que aquele ou quando as prioridades na cabeça dela inverterem posições. Tem quinze anos. Não vamos dramatizar. As coisas têm todas o momento delas. A nós, pais, resta-nos estar atentos e vigilantes ao que ali se passa. Não invadir o espaço deles, que têm de o ter, mas perceber que nada ali se passa sem que possamos ver o que é.

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